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Onde queremos chegar: aportes para uma proposta de formação no âmbito da cultura comunitária
Em 21, jun 2017 | Em Notícias |
Com que sonhamos? Onde queremos chegar? De que necessitamos para chegar aí? Qual seria o propósito final de uma formação em gestão cultural e políticas de base comunitária? Estas foram algumas das perguntas que guiaram os participantes do encontro de coletivos e organizações de cultura de base comunitária realizado em 26 de maio, no Centro Cultural Mistério, como parte da programação da 6ª Reunião do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva em Montevidéu, no Uruguai.
Cerca de 100 pessoas, entre gestores públicos e representantes de coletivos e organizações, estiveram reunidas ao longo do dia nas mesas de trabalho “Participação nos contextos de cultura comunitária” e “Formação nos âmbitos da cultura comunitária”. O encontro terminou com o lançamento do registro dos Pontos de Cultura do Uruguai, dando início a uma construção coletiva do programa no país.
No espaço dedicado à discussão sobre formação, 40 participantes (14 funcionários públicos e 26 representantes de organizações) se dividiram em grupos moderados por Ana Laura Montesdeoca (Direção Nacional de Cultura) e Ernesto Navia (Intendência de Montevidéu).
Os debates
Aos participantes foram apresentadas as diretrizes de trabalho e um “papelógrafo” para que os grupos compartilhassem experiências exitosas de trabalho comunitário, além de identificar que capacidades fizeram isso possível e o que gostariam de reforçar. Uma das participantes, por exemplo, falou da necessidade não apenas de formar a comunidade para ter acesso a fundos públicos, mas também de formar os gestores a partir da comunidade. Outro grupo comentou a importância de integrar redes, compartilhar conhecimento, gerir recursos, conscientizar as autoridades e promover formação técnica e social, entre outros temas.
Entre as condições citadas se destacaram a criatividade, a consciência, o compromisso, a participação, a autoestima, a sensibilização, a vontade, a empatia, a observação, o diálogo com mais atores, o respeito, a gestão (autogestão), a projeção de espaços, a organização, a coordenação, a escuta, o sacrifício, a integração, a solidez conceitual, a diversidade, a constância.
As aspirações
“Onde queremos chegar? Queremos mais projeção, melhorar a infraestrutura, melhorar os espetáculos, estar nas agendas estaduais e nacionais, representar a comunidade e tornar conhecida a localidade, tornar conhecidos os nomes dos artistas locais, transcender artisticamente, incluir mais gente nos projetos…”, enumerou um dos participantes, antes de ressaltar algumas das necessidades de formação identificadas por seu grupo. “(Necessitamos de algo sobre) a difusão, a gestão, como armar os projetos, as estratégias de participação, os orçamentos, transferências e acessos aos fundos.”
Os sonhos, segundo os grupos aí formados, incluem “o respeito pelo trabalho colaborativo”, “o público, o privado e o político articulando em forma flexível”, “a autogestão, a autonomia e o acompanhamento do Estado”, “a aproximação dos fundos para a cultura”, os fundos para a cultura comunitária, a formação para elaborar projetos e entender processos jurídicos e legais, a superação da brecha interior-capital para dividir recursos, a otimização dos recursos, a difusão e a representação de interesses comunitários, o reconhecimento de realidades sociais, o acesso a atividades e a geração de multiplicadores.
O apoio do setor acadêmico também foi um dos pontos destacados ao longo do encontro. Representantes dos coletivos e organizações, além de afirmar categoricamente que a academia não está nos espaços, ressaltaram que os gestores devem se alimentar do que acontece nas comunidades “e não impor de fora”.
O programa
O tema da formação em políticas culturais de base comunitária também esteve presente no 1º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado em dezembro de 2016 em Buenos Aires (junto com o 3º Encontro de Pontos de Cultura da Argentina), com a participação de representantes de governos e organizações socioculturais de 17 países. Foi o início da discussão rumo à construção de um programa de formação IberCultura Viva, um dos principais assuntos desta 6ª reunião do Conselho Intergovernamental em Montevidéu.
Conforme a proposta apresentada no primeiro dia da reunião no Uruguai, este programa de formação se daria com dois formatos: como um projeto de formação em políticas culturais de base comunitária voltado para organizações, agentes e coletivos culturais (por meio de uma convocatória para projetos nacionais, bilaterais ou multilaterais), e outro dirigido a gestores públicos (um curso virtual internacional). A proposta, elaborada pela Unidade Técnica de IberCultura Viva, teve como base um levantamento de 107 cursos de formação em políticas e em gestão cultural identificados em 17 países do Espaço Cultural Ibero-americano.