Uma Rede Educativa para saberes vivos: iniciativa é lançada oficialmente durante o Seminário Internacional e propõe uma articulação plural de saberes entre universidades, instituições educativas e escolas populares impulsionadas por coletivos culturais da Ibero-América
Foi numa roda de conversa – como costumam acontecer os encontros mais significativos da Cultura Viva – que a Rede Educativa IberCultura Viva realizou seu primeiro gesto de apresentação. A conversa integrou a programação do Seminário Internacional “Cultura Viva Comunitária: Uma Escola Latino-Americana de Políticas Culturais”, realizado nesta quarta-feira (9), na Cidade do México, e expôs uma articulação que conecta universidades, coletivos, educadores populares e gestores públicos em torno da formação crítica, plural e comunitária.
Sob o tema “E se co-laborarmos? Processos e instituições educacionais que contribuem para políticas culturais de base comunitária”, o diálogo trouxe diferentes perspectivas sobre os desafios e as potências dessa nova construção coletiva. Coube à gestora pública Giselle Dupin, enlace técnico do Programa IberCultura Viva no Brasil, apresentar os marcos da caminhada que levou à constituição da Rede.
“A história da criação da Rede remonta a 2021, quando foi formado, no âmbito do programa, o Grupo de Trabalho sobre Sistematização e Difusão de Práticas e Metodologias das Políticas Culturais de Base Comunitária – o GT de Sistematização. O grupo era composto por 60 participantes selecionados em uma convocatória pública”, recorda Giselle.
A institucionalização da Rede Educativa foi aprovada na 14ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva, realizada em Brasília no final de 2024.




Conhecimento em rede para fortalecer comunidades
A Rede nasce com a missão de intercambiar saberes, experiências e metodologias que possibilitem a implementação de estratégias inovadoras e conteúdos prioritários para a promoção das culturas comunitárias. Sua proposta central é conectar o pensamento acadêmico à sabedoria popular e ancestral, promovendo a circulação do conhecimento e a democratização dos direitos culturais nos territórios.
“A motivação principal da criação da Rede é ampliar e aprofundar as ações de promoção das culturas comunitárias na Ibero-América, por meio de reflexões, pesquisas, sistematizações e outras ferramentas. Queremos fomentar o diálogo entre atores governamentais, organizações da sociedade civil e instituições de ensino, ampliando a participação e o reconhecimento dos saberes diversos”, reforçou Giselle Dupin.
A Rede inicia sua trajetória com a participação de oito instituições de educativas de quatro países – Argentina, Brasil, Equador e México – e está aberta a novas adesões. A ideia é formar uma rede aberta e plural, capaz de articular governos locais, provinciais e nacionais às organizações sociais que veem na cultura uma ferramenta de transformação social e garantia de direitos.
Saberes diversos para sociedades mais justas
Durante o diálogo, representantes das universidades e instituições que compõem a Rede apresentaram seus compromissos com a formação cultural comunitária. Rocío Orozco, da Universidade Jesuíta de Guadalajara (ITESO), destacou: “Somos um grupo pequeno que se apresenta aqui, e esperamos novas adesões para que juntas e juntos possamos criar alternativas e conhecimentos para o bem comum”.
Luana Vilutis, do Consórcio Universitário Cultura Viva, ligado à Universidade Federal da Bahia, compartilhou o papel do consórcio na formação e no apoio a pontos de cultura e gestores: “Pensamos a pesquisa e a formação a partir da multiplicidade de sujeitos e sujeitas envolvidas com a Cultura Viva. Atuamos com a diversidade dos públicos, com a difusão de práticas, sistematização de conhecimentos e uma espécie de assessoria formativa”.

Elena Román (Universidade Autônoma da Cidade do México), Paola de la Vega (Pontifícia Universidade Católica do Equador) e Daniel Zas (Escola Popular de Música, na Argentina) também participaram da roda, fortalecendo os laços entre instituições e reafirmando o compromisso com a construção de políticas culturais desde os territórios.
Também participaram do conversatório: Ivan Gomezcesar (México); María Inés Silva (Chile) e Eduardo Balán (Argentina).
A presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg, já havia anunciado a criação da Rede na abertura do Seminário. Em suas palavras: “Queremos contribuir para a circulação do conhecimento, democratizando o acesso às pesquisas acadêmicas, às tecnologias sociais e aos direitos culturais. Para construir sociedades mais justas e democráticas, é preciso reduzir as desigualdades também na valorização dos saberes”.
Confira as instituições que manifestaram seu comproimisso de adesão à Rede Educativa IberCultura Viva:
Pontificia Universidad Católica del Ecuador
Universidad Nacional de Córdoba (Argentina)
Universidad Autónoma de la Ciudad de México
Universidad Nacional de La Pampa (Argentina)
Escuela Popular de Música (Argentina)
Licenciatura en Artes, Secretaría de Cultura de Jalisco
Universidad Jesuita de Guadalajara – ITESO (México)
Universidad Federal de Bahia (Brasil)
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Modelo de carta de adesão
Os parâmetros de adesão
O estatuto da Rede Educativa IberCultura Viva
Manifeste seu interesse pelo e-mail: [email protected]
*Todos os documentos foram elaborados coletivamente com o Grupo de Trabalho (GT).
Onde os sonhos coletivos tomam forma
O segundo dia do Seminário está sendo realizado inteiramente na Utopia Iztapalcalli, em Iztapalapa – um dos espaços públicos mais simbólicos da Cidade do México, onde sonhos comunitários ganham corpo e oferecem oportunidades concretas para todas as idades.As Utopías (Unidades de Transformación y Organización para la Inclusión y la Armonía Social) são centros culturais, bibliotecas, parques, instalações esportivas e educativas espalhados pela região mais populosa da Cidade do México.
Fotos: Gabriela Anguiano/RedLab | Angélica Lasof/RedLab | Francisco Marín/RedLab | Neander Heringer/Ilacvc | Utopías Ciudad de México