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III Encontro de Cultura Viva Comunitária México: Vozes e sons de nossos territórios
Em 16, Maio 2016 | Em Notícias | Por IberCultura
Por Rafael Paredes Salas
Sob o lema “Vozes e sons de nossos territórios”, organizações sociais e culturais comunitárias se reuniram no terceiro encontro regional do movimento Cultura Viva Comunitária México, de 19 a 23 de março, no município de Acayucan, Veracruz. O encontro foi promovido por 14 organizações de diferentes regiões do país e, de maneira especial, pelo coletivo Altepee.
Quase uma centena de pessoas vindas de Veracruz, Mérida, Puebla, Ciudad de México, Jalisco, Coahuila, Sinaloa, Guerrero, Oaxaca e Costa Rica se reuniram no sudeste do país para conviver, dialogar e se conhecer através do trabalho. Cada participante chegou com a vontade de contribuir para a construção do encontro: pintura de murais, preparação de comida, jogos e malabares, fotografia, vídeo e rádio, oficinas e um sem fim de atividades que permitiram a cada um definir a maneira de se encontrar com o outro.
A tranquila sombra de uma mangueira nos amparou durante a tarde do primeiro dia para celebrar um ritual de agradecimento e afinar as jaranas (instrumentos de cordas) que nos acompanhariam pelo bloco inaugural pelas ruas de Acayucan. O ato culminou no parque central da cidade com uma alegre apresentação artística onde houve guitarras, break dance, arte clown, rap popoluca e a tradicional música de cordas do sul de Veracruz interpretada pelo coletivo Altepee.
O segundo e terceiro dia de atividades estiveram marcados pelas oficinas oferecidas por alguns dos coletivos que assistiram ao encontro: cultura “coleitora” (Comunidad Comelibros), gestão de projetos (Abarrotera Mexicana), espaços de decisão coletiva (Mazorca de Colores), animação sociocultural (Guanared), paisagem sonora (Colectivo Altepee), políticas culturais (Comunitlán) e arte clown (Coletivo Cascabel), para mencionar alguns. Enquanto isso, os companheiros de RSES Crew, Rexiste e Coletivo Altepee se dirigiram ao município de Sayula para começar a trabalhar na pintura de diversos murais.
Pelas noites, pudemos seguir compartilhando o trabalho que fazemos em nossos territórios através de videoprojeções, destacando o trabalho daqueles coletivos dedicados aos meios audiovisuais, como CinemaTequio e Coletivo Ojo de Agua. Os tamales de feijão, a bebida de cacau e o licor trazido de diferentes rincões do país nos fizeram bailar até o amanhecer ao ritmo da jarana, da tarima e da quijada (instrumentos de percussão) desta música popularmente conhecida como “son jarocho” e que o Coletivo Altepee se encarrega de promover para fomentar a convivência e o respeito da vida.
No quarto dia de atividades tomamos um ônibus para a serra de Santa Marta para conhecer o processo de articulação do qual faz parte o Coletivo Altepee. Trata-se de um processo que há mais de dez anos está defendendo o território e promovendo o bem viver a partir da perspectiva dos povos indígenas e desenvolvendo iniciativas de economia solidária, saúde, educação, comunicação e arte comunitária. Mais tarde fomos à praia para poder descansar e conviver, não sem antes passarmos um a um pela cabine da rádio comunitária para enviar cumprimentos a nossos irmãos da serra.
No último dia buscamos colher em assembleia as reflexões e os “sentipensamentos” que se semearam durante o encontro com o apoio da companheira Oriana Sujey, da Rede Maraca. Ainda que reconheçamos evidentes tensões entre o movimento e algumas instituições do Estado, também reconhecemos oportunidades de diálogo frente às violências que afetam nossas comunidades. Concluímos que o importante neste momento é aprofundar o diálogo ao interior do movimento e fomentar a articulação entre os coletivos, trabalhando desde as bases para fortalecer nossa capacidade de incidência a longo prazo.
A equipe motivadora da Cultura Viva Comunitaria México cresceu e integrou novos participantes em comissões permanentes que esperam facilitar o trabalho de articulação. Se definiu que a partir de 2017 começaremos a celebrar anualmente encontros de caráter nacional sem deixar de promover aqueles de caráter local e regional. A intenção é que em cada encontro possamos fazer uma retrospectiva das ações que cada coletivo e cada rede tem realizado para se articular entre si, de maneira que não esperemos até a seguinte encontro para começar a atuar.
De mãos dadas e com a firme convicção de não romper o processo, nos despedimos com um grande sorriso e agradecidos de tudo o que pudemos compartir nestes cinco dias. À noite, a equipe de rádio do coletivo Altepee realizou uma transmissão ao vivo em que pudemos compartilhar as conclusões e reflexões do encontro. O processo Cultura Viva Comunitária México é jovem, e esperamos que assim se mantenha, cheio de alegria e entusiasmo para fazer das utopias realidade.