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Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais se reúne para discutir propostas de encontros e dar as boas-vindas aos novos membros
Em 11, ago 2023 | Em Notícias |
A Rede IberCultura de Cidades e Governos Locais se reuniu nesta terça-feira, 8 de agosto, para dar as boas-vindas aos municípios que aderiram recentemente e falar sobre uma proposta apresentada por Elisabeth Casanova, representante do estado de Tabasco: a participação da rede no 1º Encontro de Patrimônio Cultural Imaterial da Região Sul-Sudeste do México, que acontecerá em Villahermosa, Tabasco, nos dias 28 e 29 de setembro.
Dezenove pessoas participaram deste encontro por videoconferência, cinco delas reunidas de maneira presencial em Guadalajara (México), onde está sendo realizado esta semana um dos seminários da iniciativa “Estratégias culturais para a participação cidadã”, no âmbito da Ventana Adelante 2023 de Cooperação Triangular União Europeia-América Latina e Caribe. A atividade conta com o apoio do IberCultura Viva e reúne organizações culturais e representantes governamentais da Argentina, Costa Rica, Bolívia, Colômbia e México (Puerto Vallarta, Tamaulipas, Cidade do México e Guadalajara).
Flor Minici, secretária técnica do IberCultura Viva, abriu o encontro explicando que a ideia era falar sobre o projeto de PCI, além do encontro que está ocorrendo em Guadalajara e a possibilidade de promover um encontro da Rede de Cidades e Governos Locais junto com a 13ª Reunião do Conselho Intergovernamental do IberCultura Viva, que será realizada no Chile em dezembro.
“Primeiramente, gostaria de dar as boas-vindas a todas e todos os representantes dos governos locais que se incorporaram recentemente. Essa rede é relativamente jovem e estamos em um momento em que estamos trabalhando para receber suas propostas, para consolidar uma dinâmica em que vocês, como governos locais, também possam contribuir e propor as instâncias que a rede ainda requer, para continuar expandindo suas formas e seus canais de realização”, afirmou Minici.
Em seguida, a secretária comentou que o programa, ao longo deste ano, aprovou propostas de capacitação, como a atividade que está sendo realizada em Guadalajara, e apoio a eventos como o 3º Congresso de Culturas Vivas Comunitárias da Mesoamérica e do Caribe, realizado em Cuba de 28 de junho a 3 de julho. Duas representantes da Rede de Cidades e Governos Locais (Luisa Velásquez, de Guadalajara, e Tania Alvarez, de Alajuelita), além da secretária técnica e do vice-presidente de IberCultura Viva, Federico Prieto, que é secretário de Gestão Cultural do Ministério da Cultura da Argentina, viajaram a Cuba com o apoio do IberCultura Viva. Tanto a atividade em Guadalajara quanto a presença do programa no 3º Congresso Mesoamericano foram propostas pela Comissão de Formação da rede.
“Uma grande diversidade esteve presente no congresso, uma grande riqueza de organizações culturais da Mesoamérica e do Caribe, além de algumas organizações que vieram do Uruguai, Argentina e Chile. Essa atividade foi proposta aqui no âmbito da Rede de Cidades; depois o Conselho Intergovernamental decidiu aprová-la e as companheiras estiveram lá se apresentando, intercambiando experiências em relação às políticas culturais de suas localidades”, explicou.
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Seminário em Guadalajara
Luisa Velásquez, representante do Governo Municipal de Guadalajara na rede, lembrou que desde o final do ano passado ela vinha apresentando esta proposta de “um programa de formação baseado no autodiagnóstico de organizações culturais comunitárias, em um processo de reflexão crítica, a partir da educação popular, que lhes permitisse ter uma maior postura política a respeito do seu trabalho cultural, vinculado a processos de defesa do território, segurança, paz, educação e meio ambiente”.
Segundo ela, essa atividade já estava planejada desde 2022 no âmbito do programa Pontos de Cultura de Guadalajara, e o que a princípio era apenas para o município, conseguiu dar um salto de escala e se apresentar para um cenário mais amplo . “Ficamos felizes em poder fazer essas articulações de questões muito locais, da nossa rede de Pontos de Cultura, e vinculá-la a um âmbito ibero-americano. Agradecemos o apoio do programa, porque sem os fundos e o acompanhamento isso não seria possível”, destacou.
A aliança que se fez na Ventana Adelante 2023 da Cooperação Triangular tem como entidades beneficiárias duas integrantes da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais: a Direção de Cultura de Guadalajara e a Secretaria de Cultura, Lazer e Esporte de Bogotá (Colômbia). As instituições ofertantes são o Ministério da Cultura da Argentina (através da Secretaria de Gestão Cultural) e a Fundação Casa de Rui Barbosa, vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil. A Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) aparece no projeto como a segunda entidade ofertante.
A atividade que se realiza esta semana na Casa de Encontro e Diálogo do Saber “Carlos Núñez Hurtado”, do Instituto Mexicano para o Desenvolvimento Comunitário (Cede Imdec ), em Guadalajara, é a segunda das sete que estão programadas para acontecer até março de 2024, virtualmente e presencialmente, no México, na Colômbia, na Espanha e na Argentina. “Acreditamos que está sendo um espaço muito rico de aprendizado das práticas das organizações, de reflexão crítica”, comentou Velásquez.
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Trabalho conjunto
Depois de manifestar seu contentamento com o desenvolvimento da atividade em Guadalajara, Manuel Trujillo, responsável técnico da presidência do IberCultura Viva, partilhou uma apresentação sobre a Rede de Cidades e Governos Locais, que atualmente conta com a adesão de 36 membros de 7 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru e México). A intenção foi a de convidar os novos governos que aderiram a esta instância, e os que passaram por transições, para que se integrem à rede e suas comissões.
“Essa rede é do IberCultura Viva, mas tem uma horizontalidade de decisões. A Comissão de Formação, por exemplo, é uma comissão muito ativa que está sempre propondo atividades vinculadas a organizações de base comunitária, como a que está acontecendo em Guadalajara ou a que aconteceu em Cuba”, explicou, destacando também o interesse que os governos locais têm demonstrado em organizar-se em rede e realizar projetos que tenham uma sinergia entre as cidades.
“A grande maioria das 12 cidades do Chile não conseguiu entrar no encontro porque o Encontro Nacional de Governos Locais está ocorrendo nos dias 8 e 9 de agosto. Estas cidades estão se organizando e esperam poder sediar um encontro ibero-americano de governos locais, organizado pelo Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, o programa Red Cultura e o programa IberCultura Viva, para que possamos nos reunir e gerar uma sinergia entre a rede de governos locais do programa”, acrescentou.
Trujillo também mencionou que a Unidade Técnica vem conversando com os REPPIs (representantes) dos países que compõem o programa para que aproximem esta iniciativa dos governos locais de seus países, para que mais cidades, estados ou províncias possam se incorporar. “No caso do México, esta é uma das coisas que a nossa presidente, a diretora geral de Vinculação Cultural, Esther Hernández, tem como uma de suas prioridades: a incorporação dos governos mexicanos à rede”, enfatizou, antes de passar a palavra a Elisabeth Casanova, representante do estado de Tabasco, que apresentou a proposta do encontro regional de PCI aos companheiros e companheiras da rede.
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Encontro de patrimônio
O 1º Encontro do Patrimônio Cultural Imaterial da região Sul-Sudeste do México, que a Secretaria de Cultura de Tabasco se propõe a realizar nos dias 28 e 29 de setembro, abordará diversos temas associados ao PCI, como sua salvaguarda, metodologias de planos de salvaguarda e políticas relacionadas com o PCI nos estados da região sul-sudeste do México (Tabasco, Oaxaca,Guerrero, Campeche, Quintana Roo, Yucatán, Chiapas) e na região ibero-americana, bem como experiências de gestão comunitária. Além disso, inclui um encontro entre organizações culturais comunitárias, com o objetivo de criar um espaço de troca de experiências, no qual as pessoas se reconheçam como portadoras e gestoras do patrimônio a partir de seu trabalho cultural.
Elisabeth Casanova disse que esta iniciativa vem ao encontro do caminho que tem sido traçado em Tabasco sobre a identificação e o registro de manifestações do património cultural imaterial. “Nesse caminho, trabalhando junto com as comunidades e portadores/as desse patrimônio, percebemos que tínhamos algumas necessidades, como compartilhar o que fizemos e o que deu resultado, e aprender com o que outras cidades, outras organizações, outros governos, têm feito em torno desse tema”, afirmou a diretora de Culturas Populares e Indígenas da Secretaria de Cultura do Governo de Tabasco.
A intenção é discutir também entre outras áreas, como o meio acadêmico, e a população em geral: O que é patrimônio? Porque é importante? Qual a importância do património no nosso cotidiano? “Com este encontro pretendemos alcançar estes objetivos, aproveitar a experiência de outros países e sobretudo fortalecer-nos com outras instâncias. A Rede de Cidades e Governos Locais é o espaço perfeito para fortalecer essa iniciativa. Estamos abertos à participação de todas as pessoas da rede e muito gratos pelas interações que tivemos e pelo apoio que tivemos de Esther Hernández”, comentou.
O Governo do México acompanhará este encontro regional por meio do programa Cultura Comunitária da Direção Geral de Vínculação Cultural e da Direção Geral de Culturas Populares. O evento contará ainda com especialistas do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), que poderão fazer algumas palestras ou oficinas. “Além disso, uma das iniciativas do México será utilizar os recursos de formação (disponíveis no Fundo IberCultura Viva) para apoiar as organizações de base desses estados mexicanos a realizar as atividades de capacitação que serão realizadas nestes dois dias”, adiantou Manuel Trujillo.
A proposta apresentada pelo Governo de Tabasco à Rede de Cidades e Governos Locais prevê o apoio do IberCultura Viva para a realização de uma oficina com um/a especialista na temática patrimonial, além de custear os gastos com transporte e diárias e uma pausa para o café. Ao colocar este projeto à consideração da rede, “um espaço de formação onde a própria rede pode ser protagonista”, Trujillo destacou o convite feito aos/às REPPIs dos países que compõem o programa, para propor algum/a especialista para dar uma conferência sobre patrimônio em nível ibero-americano, e também um convite à rede para realizar uma oficina de patrimônio voltada para organizações de base comunitária.
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Modelo participativo
Diego Benhabib, representante da Argentina no IberCultura Viva, foi uma das cinco pessoas que se conectaram de Guadalajara, onde participam do seminário da iniciativa “Estratégias culturais para a participação cidadã”. Além de dar as boas-vindas aos novos governos locais que estão se juntando à Rede de Cidades e Governos Locais, Benhabib comemorou esta instância que se formou como um grupo de trabalho (em 2017) e que em 2019 se formalizou como uma rede para trabalhar basicamente no fortalecimento das políticas culturais de base comunitária, “e por meio desse trabalho articulado, poder melhorar as condições de vida das comunidades, tendo a cultura como ferramenta de transformação social”.
“Esta é uma rede muito interessante, na qual temos apostado fortemente no seu fortalecimento, tanto que este ano estamos destinando um orçamento maior em nosso Plano Operativo Anual. Além de agradecer a proposta enviada de Tabasco, quero destacar que o modelo de trabalho que temos é muito participativo. A ideia é que a Rede de Governos Locais possa ter propostas, possa trabalhar nelas, articulá-las entre todos e todas e depois apresentá-las ao Conselho Intergovernamental, e esta instância definirá se apoia ou não. Esse passo que estão dando é importante para poder ampliar o número de governos locais que aderem e dar visibilidade a todo o trabalho que está sendo feito”, afirmou.
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Novos membros
Silvia Pereira, gestora sociocultural da Municipalidade de Curridabat (Costa Rica), uma das cidades que aderiram recentemente à rede, aproveitou o encontro para se apresentar e manifestar sua satisfação em integrar este espaço, ao lado de outro cantão costarriquenho, o cantão de Alajuelita. “Espero que pouco a pouco mais cantões sejam adicionados. Estou muito feliz, esperando que esse espaço seja de muito aprendizado e intercâmbio. No que pudermos colaborar desde Curridabat, conte conosco”, reforçou.
Viviana Ramirez, representante da Secretaria de Cultura, Recreação e Esporte de Bogotá, também disse estar feliz com a integração do município à rede e comemorou a iniciativa proposta pelo Governo de Tabasco. “Bogotá vem gerando um processo de trabalho em torno do patrimônio há muito tempo, a abordagem de patrimônios integrados já está bem consolidada. Um dos nossos aliados é o Instituto Distrital do Património, e na Secretaria de Cultura temos uma área específica para o património. Estamos à disposição para tudo o que pudermos contribuir e apoiar”, disse.
Carola González, da Municipalidade de Marcos Juárez (Argentina), tomou a palavra para dar as boas-vindas aos novos companheiros e companheiras e contar que estão em um importante processo no município, defendendo os direitos culturais de todos, em discussões e acordos com o governo. “Hoje estamos em bons acordos, influenciando o conselho deliberativo, certificando saberes com a Universidade Popular, que depende da Universidade de Córdoba. Hoje falamos aqui na nossa cidade de cultura viva comunitária, o que antes não acontecia, então estamos muito felizes com isso”, ressaltou.
De Guadalajara, José Quinche, que também trabalha na Secretaria de Cultura, Recreação e Esportes de Bogotá, chamou a atenção para um ponto importante nos processos que as organizações vêm observando e ouvindo: a necessidade de abordagens às populações vulneráveis. “Falamos de mulher, juventude, infância, grupos étnicos, e acho que seria interessante poder integrar esta questão no património, entendendo que o património também tem um significado importante nos territórios”, sublinhou.
Exercício de aprendizagem
Em seguida, Luisa Velásquez pediu a palavra para propor algo que, segundo ela, tem faltado: avaliação. “Acho que viria bem, por exemplo, uma avaliação desta atividade que estamos realizando agora, já que se utilizou um orçamento da rede… Um informe do que foi bem ou não, algo para estar numa revisão contínua, para ter como aprendizados orientadores, que podemos ir incorporando como nossas práticas quando se apoiam projetos que vêm desde fora da Rede de Cidades, quando são projetos que surgem dentro da rede, de um governo como responsável ou uma entidade que lhe dá a cara. Coloco na mesa, porque também estivemos no Peru, em Cuba, e nos parece que precisávamos poder ter um exercício de aprendizado”, sugeriu.
Sobre o que disse a representante de Guadalajara, Flor Minici comentou sobre a presença do programa no 3º Congresso Mesoamericano, em Matanzas (Cuba). “Tivemos a oportunidade de apresentar as diretrizes do programa, as políticas concretas e específicas que o IberCultura Viva realiza em conjunto com diversas organizações e também com os agentes governamentais que ali estiveram presentes. As inquietações a respeito das atividades do programa foram muitas, e nesse sentido foi muito proveitoso porque nos permitiu divulgar nosso programa e articular propostas que começaram nesse encontro”, disse a secretária técnica.
Depois de explicar um pouco sobre o funcionamento do programa e suas diferentes instâncias, entre elas o Grupo de Trabalho de Sistematização, Flor Minici mencionou a possibilidade de realizar uma sessão da Rede de Cidades e Governos Locais com diferentes expressões e narrativas em relação às experiências vividas no congresso em Matanzas e no seminário em Guadalajara. “O que propomos a vocês, dado que alguns companheiros e companheiras estão se reunindo agora em Guadalajara, é que em cerca de duas semanas possamos falar sobre os dois últimos encontros, e também sobre o encontro da rede que se pretende realizar no Chile em dezembro”, disse.
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Patrimônio e problemáticas
Carlos Portilla, representante da Tempoal de Sánchez (México), que se juntou à rede em julho, sugeriu que em um próximo encontro pudessem debater sobre o tema do patrimônio cultural imaterial e problemas como migração ou deslocamento. “É um tema muito recorrente no trabalho que temos feito em Tempoal, somos um grupo de cidadãos que se congregam em diferentes grupos comunitários, e posso partilhar esta experiência no encontro em Tabasco, já que visitei 33 municípios do sul do estado de Veracruz”, ofereceu.
No final da reunião, Manuel Trujillo retomou algumas das contribuições e disse concordar com a ideia do enfoque nas populações vulneráveis, como mencionado pelo companheiro de Bogotá. “Uma das ideias que existem na nossa região é que os enfoques das organizações culturais comunitárias têm a ver precisamente com esse trabalho para as populações prioritárias; elas são a ponte, digamos, entre as comunidades e os Estados, as organizações culturais. (…). Fala-se de uma rede de cidades, mas o território além das cidades, como o rural, é muito importante, principalmente nesses estados mexicanos. A região sudeste do México pode ser considerada a região mais pobre do país, e é a região onde está a grande maioria dos povos originários do México”, comentou.
Flor Minici encerrou o encontro dizendo que seguiria adiante com a proposta de Tabasco, e com a ideia de realizar um encontro presencial da rede em dezembro, no Chile. A intenção é promover uma nova sessão da Rede de Cidades e Governos Locais dentro de duas ou três semanas, já com esquema definido de dias específicos de atividades para o encontro do final do ano.
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