A Reunião do Conselho Intergovernamental aprovou ações para 2026 e reafirmou que, quando os Estados escolhem caminhar ao lado das comunidades, a cultura deixa de ser uma promessa e se torna uma prática viva de direitos. Conheça os principais temas debatidos e faça o download da ata completa do encontro.
A aliança público-comunitária promovida pelo IberCultura Viva se prepara para novas semeaduras e colheitas em 2026. Reunido em Porto Alegre, nos dias 27 e 28 de novembro, o Conselho Intergovernamental do Programa projetou, a partir do presente, os caminhos que seguem orientando as políticas culturais de base comunitária na Ibero-América. A 15ª reunião consolidou as conquistas de 2025, aprovou o Plano Operativo Anual (POA) para 2026 e reafirmou uma agenda comum fundamentada na cooperação, na participação social e no fortalecimento das culturas que nascem e se sustentam nos territórios.
Desde o início, o encontro esteve atravessado por uma perspectiva de futuro. Os debates apontaram a necessidade de fortalecer as redes, qualificar as convocatórias, ampliar os processos formativos, valorizar o papel dos governos locais e construir instrumentos duradouros de reconhecimento e visibilização das organizações comunitárias. Mais do que decisões administrativas, o Conselho reafirmou opções políticas que situam a cultura viva comunitária como um direito, uma política pública e uma prática cotidiana de transformação social.
Ao realizar um balanço do ano e projetar os próximos passos, a presidenta do Programa, Márcia Rollemberg, destacou a maturidade alcançada pelo IberCultura Viva. Segundo afirmou, “foi possível avaliar os avanços de 2025 e projetar 2026 a partir de uma reunião muito produtiva, com 14 países integrando o Programa, convocatórias que alcançaram recordes de inscrições e resultados concretos já em andamento”. Para Márcia, o Programa “vem implementando políticas de base comunitária nos países, com redes expressivas de Pontos de Cultura que fazem com que a cultura aconteça nas comunidades e nos territórios”, materializando direitos culturais, integrando regiões e histórias e contribuindo para uma Ibero-América mais inclusiva, justa e comprometida com a sustentabilidade e a justiça climática.

Cooperação consistente, benefícios além das fronteiras
Esse reconhecimento do percurso coletivo também esteve presente nas intervenções dos países. A representante da Espanha, Jazmín Beirak, ressaltou que “o IberCultura Viva se tornou uma referência para nós, para o nosso Ministério, não apenas por sua continuidade ao longo do tempo, mas por ser um dos exemplos mais consistentes de organização da cultura comunitária e de apoio aos Pontos de Cultura”. Essa afirmação reforça o papel do Programa como referência além das fronteiras e como espaço de aprendizagem para novas políticas de direitos culturais.
Nos territórios, os impactos se traduzem em redes mais ativas e processos mais enraizados. A representante do Paraguai, Estela Franceschelli, destacou que o Programa vem possibilitando “uma dinamização muito significativa dos espaços e Pontos de Cultura menores, assim como dos coletivos sociais que atuam a partir da base do país”. Segundo explicou, essa presença se estende por praticamente todo o território nacional e sustenta ações de formação, economia cultural e compromisso solidário com as comunidades.
A continuidade e a participação ativa foram apontadas como fatores decisivos para aprofundar os resultados. No caso do Uruguai, como recordou seu representante Hernán Cabrera, “o Programa tem sido fundamental nos últimos anos, especialmente pelos aprendizados constantes em termos de gestão e pelos benefícios das convocatórias”. Esse trabalho sustentado, de longo prazo, fortalece as políticas nacionais e amplia os efeitos das ações nos territórios.
A experiência da República Dominicana evidenciou o papel do IberCultura Viva como espaço de aprendizagem e intercâmbio. O representante Henry Mercedes destacou que 2025 foi “um ano marcado por alianças e crescimento, especialmente no âmbito formativo”, com gestores participando de processos educativos, congressos e caravanas. Esses intercâmbios, afirmou, retornam aos territórios como fortalecimento organizativo e expansão da cultura viva de base comunitária em escala nacional.

A representante da Costa Rica, Wendy Jiménez Ballestero, ressaltou que o Programa Pontos de Cultura encontra-se institucionalizado no país, o que representa um avanço significativo em termos de política pública de base comunitária. Nesse contexto, Wendy sublinhou a importância estratégica do trabalho conjunto com os Governos Locais, compreendendo que é no âmbito territorial que as políticas culturais de base comunitária podem aprofundar seu impacto, fortalecer processos organizativos e responder de forma mais direta às realidades locais.
O Conselho, como um todo, também reafirmou o papel estratégico dos governos locais, reconhecendo que é nos municípios e cidades que as políticas culturais ganham corpo. Para Norma Cruz Hernández, enlace técnica do México, o Programa foi essencial tanto para a construção de políticas nacionais quanto para o fortalecimento da cooperação regional. Destacou que “o IberCultura Viva foi uma peça-chave para a construção do nosso próprio programa de cultura comunitária” e que a inclusão dos governos locais é central, já que “é nos territórios que tudo nasce”.

O futuro é agora
Nesse sentido, as agendas de futuro aprovadas apontam para o fortalecimento da Rede de Cidades e Governos Locais, a consolidação da Rede Educativa IberCultura Viva, a qualificação do Mapa como plataforma de articulação e visibilização e a implementação do Selo IberCultura Viva como instrumento de reconhecimento das organizações comunitárias. Também avançou-se na definição de Grupos de Trabalho voltados à participação social, à diversidade, à justiça climática e à comemoração dos 20 anos da Carta Cultural Ibero-Americana.
O apoio institucional ao 7º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, previsto para 2026, foi reafirmado por meio de diretrizes claras, baseadas na autonomia dos movimentos, na responsabilidade no uso dos recursos públicos, na transparência e na gestão compartilhada. O Conselho também destacou a importância de fortalecer métricas, indicadores e estratégias de comunicação que ampliem a visibilidade e o impacto das ações do Programa.
Ao final da reunião, ficou evidente que os compromissos assumidos para 2026 vão além da execução de ações pontuais. A cooperação segue fortalecendo a cultura a partir dos territórios, aprofundando a aliança público-comunitária como fundamento das políticas culturais de base comunitária. Com redes mais articuladas, instrumentos mais robustos e uma agenda comum orientada pela diversidade, pela justiça social e ambiental, o IberCultura Viva continua projetando um futuro em que a cultura é direito, presença viva e caminho coletivo de transformação.






Fotos: Carlos Macedo