No painel “Vozes Ibero-Americanas”, Márcia Rollemberg destaca o papel dos povos tradicionais e da cooperação cultural para enfrentar a crise climática.
A participação do IberCultura Viva na COP30 marcou um momento emblemático para o programa e para a agenda cultural ibero-americana. No painel “Vozes Ibero-Americanas”, no espaço Ibero-America Viva, a presidenta do programa, Márcia Rollemberg, levou ao centro do debate climático a dimensão cultural das soluções e a importância dos saberes ancestrais.
“A sabedoria dos povos tradicionais e indígenas é central para a justiça climática. Garantir seus direitos culturais é um caminho para reverter a crise que vivemos, mudando o paradigma através de um novo olhar sobre o mundo e o projeto de humanidade que desejamos.”
Ao abordar o papel do IberCultura Viva no cenário atual, Márcia ressaltou a força da cooperação e da ação em rede entre os 14 países que integram o Programa, um tecido vivo que conecta Estados e comunidades em torno da defesa dos direitos culturais.
“O IberCultura Viva é essa união em rede, onde países ibero-americanos se reconhecem em uma história comum. Avançamos no direito à livre expressão, no direito de existir e viver da maneira que se quer.”
A fala dialoga diretamente com o Manifesto dos 10 anos do IberCultura Viva, lançado em 2024, no qual os países renovaram o compromisso de “preservar e promover o acesso aos saberes e práticas advindas especialmente dos povos indígenas e de matriz africana, que se veem como parte da natureza, possuem cosmovisão diferenciada e há séculos dominam essa relação mais harmônica na qual os seres humanos são parte da natureza.”
Na COP30, essa perspectiva ganhou eco: a crise climática não é apenas ambiental, mas civilizatória, e não haverá transição justa sem a centralidade das culturas vivas, dos territórios e das comunidades que sustentam formas de vida baseadas no cuidado, na reciprocidade e na continuidade da vida.
O que é a COP?
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC ou UNFCCC) criou a Conferência das Partes (COP) como órgão responsável por tomar decisões para implementar os compromissos assumidos pelos países no combate às mudanças climáticas. A COP reúne todos os países que assinaram e ratificaram a Convenção, hoje, 198 nações, tornando-a um dos maiores espaços multilaterais do sistema ONU.
O que conhecemos como “COP” são as grandes conferências anuais sobre mudança do clima, geralmente realizadas entre novembro e dezembro, que reúnem governos, cientistas, organizações internacionais, movimentos sociais, povos indígenas, juventudes e sociedade civil para avançar no enfrentamento global da crise climática.