No encontro presencial em Niterói, governos subnacionais alinham diretrizes, revisitam trajetórias e ampliam horizontes para a cooperação cultural ibero-americana
A governança marcou o ritmo da primeira reunião interna do 3º Encontro Presencial da Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais, que segue até quinta-feira (4), em Niterói. Realizado no contexto da 30ª Cúpula de Mercocidades e do 2º Seminário Internacional Cultura e Democracia, o encontro amplia diálogos regionais e projeta os caminhos futuros da Rede. Estão presentes 19 governos locais de seis países, reunidos para fortalecer políticas culturais de base comunitária, ampliar a cooperação ibero-americana e abrir espaço para novas adesões.
Construção Coletiva
No início dos trabalhos, a presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg, apresentou estratégias recomendadas pelo Conselho Intergovernamental para expandir e consolidar a Rede. “Eu gostaria de salientar que cada gestor e gestora aqui presente atua como embaixador ou embaixadora do Programa em seus estados de origem”.
Em seguida, Luisa Beatriz Velásquez Santiagochefe da Unidade de Gestão do Ecossistema Cultural de Guadalajara (México), apresentou o processo de construção do Estatuto da Rede e as sugestões reunidas, abrindo um debate coletivo que trouxe contribuições estruturantes para a governança. “A Rede é, para nós, um espaço de intercâmbio técnico e comunitário, que vem consolidando uma agenda internacional de direitos culturais. Isso é muito importante, e nos permitiu também experimentar uma operação regular”.
A secretária Técnica do Programa, Flor Minici, destacou que o propósito desta primeira sessão foi alinhar todos os participantes às bases conceituais e operacionais da Rede. Na mesma linha, o consultor de Redes e Formação do Programa, Diego Benhabib, retomou o histórico e os marcos que sustentam o modelo de atuação do IberCultura Viva.

Plural e Territorialmente Diversa
Hoje, a Rede reúne uma pluralidade de territórios, formatos de gestão e densidades populacionais. Um dado significativo revela a força dos pequenos municípios: 60% das municipalidades integrantes são cidades pequenas e médias de até 100 mil habitantes (15 de 25). Entre elas, 10 têm até 20 mil habitantes, demonstrando a centralidade dos territórios menores no campo da cultura viva comunitária.
Cresce também a presença de Estados e Províncias, que já somam 7 integrantes, ampliando o alcance e a articulação em nível subnacional. Atualmente, a Rede é composta por 32 governos locais de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México, todos comprometidos com a participação cidadã e o fortalecimento territorial a partir de uma perspectiva comunitária.
Para Flor Minici, realizar o encontro em Niterói tem um sentido simbólico e político profundo. A cidade foi uma das primeiras a aderir formalmente à Rede, em 2019, e hoje é referência internacional por suas políticas culturais consistentes e enraizadas no diálogo com os territórios. “Esta atividade reforça o lugar do município como referência internacional na articulação entre governos, territórios e comunidades”, afirma.
De Quito a Niterói: construção
A história da Rede começou em 2017, em Quito, com a criação do Grupo de Trabalho de Governos Locais durante o 2º Encontro de Redes do Programa. O movimento consolidou-se em 2019, em Buenos Aires, com a entrega das primeiras cartas de adesão. Seis anos depois, o encontro de Niterói inaugura uma nova etapa de expansão e fortalecimento institucional.
Como sintetiza Flor Minici, “O que construímos nesses anos é mais que uma rede institucional. É um movimento de governos locais que entendem que as políticas culturais não podem ser verticais – devem nascer e se fortalecer nos territórios, em diálogo permanente com as comunidades”.
Presença
Participam deste terceiro encontro gestões municipais e provinciais da Argentina (Almirante Brown, San Carlos, Comodoro Rivadavia, Marcos Juárez, Santiago del Estero, La Rioja e Quilmes), Chile (Pichilemu, Canela, Puqueldón, Concepción e Valparaíso), Colômbia (Bogotá e Medellín), Costa Rica (Alajuelita), México (Guadalajara e Cidade do México) e Brasil (Niterói e Estado do Rio de Janeiro).
Fotos: Secretaria das Culturas de Niterói