09 abril 2025

Mesa de abertura do Seminário Internacional Cultura Viva Comunitária reuniu representantes do Brasil, México, Peru e Colômbia para celebrar conquistas e refletir sobre os desafios das políticas culturais de base comunitária na América Latina

A mesa “Políticas culturais de base comunitária na América Latina e Ibero-América”, realizada na tarde de segunda-feira (8), abriu os diálogos do Seminário Internacional Cultura Viva Comunitária: Uma Escola Latino-Americana de Políticas Culturais, na Cidade do México. O encontro reuniu vozes de diferentes países em torno de relatos, reflexões e provocações sobre os caminhos possíveis das políticas culturais que nascem e se sustentam nos territórios.

Coube a Márcia Rollemberg, presidenta do Programa IberCultura Viva e secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil, costurar as linhas do tempo e da memória dos 20 anos da Cultura Viva no Brasil e os 10 anos do IberCultura Viva, Programa de cooperação intergovernamental que hoje conecta 14 países na construção de políticas culturais de base comunitária.

Sobre o IberCultura Viva, Márcia destacou o papel estratégico das redes que dão sustentação a esse processo – como a Rede de Cidades e Governos Locais, a Rede de Cultura e Infância (cuja próxima reunião será na Colômbia), e a recém-lançada Rede Educativa, uma articulação que conecta universidades, coletivos, educadores populares e gestores públicos em torno da formação crítica e comunitária, lançada oficialmente durante o Seminário no México.

Durante a mesa, foi lançado o livro comemorativo dos 10 anos do IberCultura Viva, uma publicação que reúne dados, análises, depoimentos e registros das ações desenvolvidas ao longo da última década. “Este livro é um gesto de memória, mas também de futuro”, afirmou Márcia. “Ele sistematiza o que construímos juntos e projeta novas possibilidades para o fortalecimento das políticas culturais comunitárias, com base no diálogo, na escuta e na construção compartilhada.”



A gestora cultural Samantha Urdapilleta, do México, compartilhou a experiência da Secretaria de Cultura do México e do Programa de Cultura Comunitária. “Temos dois tipos de implementação: os semeadores criativos, que são grupos de formação artística para crianças e jovens, e os convites culturais, que são encontros semanais em espaços públicos participativos”, explicou.

Do Peru, Gloria Lescano abordou o impacto da instabilidade política sobre as políticas culturais comunitárias, especialmente após a crise iniciada em dezembro de 2022. Ela rememorou o ciclo de avanços entre 2010 e 2015, com a criação do Ministério da Cultura, a promulgação da Lei de Pontos de Cultura e a institucionalização da gestão cultural em Lima. E enfatizou: foram os marcos legais e os processos participativos que mantiveram os programas vivos mesmo diante da adversidade.

Jorge Blandón, da Colômbia, reforçou o valor do diálogo entre governos e sociedade civil como pilar essencial para o avanço das políticas culturais nos territórios. Ele também aproveitou a ocasião para convidar os presentes à 7ª edição do Congresso Latino-americano de Culturas Vivas Comunitárias, que será realizada em seu país.“Queremos lá todas as vozes. Queremos também nos mover e comover – mulheres e homens que dedicam suas vidas a um projeto cultural com beleza e alegria, que não pode cair nas sombras.”

Entre as falas, ecoou o reconhecimento da importância da pesquisa colaborativa, da sistematização de experiências e da necessidade de construir pontes entre saberes populares e conhecimentos acadêmicos — caminhos indispensáveis para sustentar e expandir políticas públicas enraizadas, feitas com as comunidades e para elas.

O encontro reafirmou que a Cultura Viva Comunitária é, acima de tudo, uma política em movimento – viva nas redes que criam, resistem e reexistem. E que o IberCultura Viva, ao completar uma década, segue como aposta política, afetiva e transformadora para a construção de um futuro comum na Ibero-América.

Assista ao vídeo completo deste diálogo:

Fotos: Gabriela Anguiano/RedLab | Angélica Lasof/RedLab | Francisco Marín/RedLab | Neander Heringer/Ilacvc