02 dezembro 2025

A secretária técnica do IberCultura Viva, Flor Minici, participou do Fórum de Segurança Pública em Perspectivas Transversais, realizado como atividade preparatória da XXX Cúpula de Mercocidades e do II Semianário Internacional “Cultura e Democracia: América Latina pelos Direitos Culturais”. Na Mesa 4, Cultura e Esporte como Instrumento de Pacificação, ela apresentou uma reflexão profunda sobre o papel dos territórios na construção de cidades que cuidam, protegem e transformam.

Em sua intervenção, Flor destacou que a resiliência não pode ser confundida com adaptação, mas com a capacidade coletiva de mudar cenários considerados irreversíveis. Para ela, “planejar uma cidade para a justiça social e a soberania só é possível com redes, especialmente as redes de governos locais, verdadeiros laboratórios onde começa um novo ciclo de discussão sobre as cidades na América Latina e na Ibero-América”.

Ao situar o debate no contexto internacional, alertou para discursos que tentam deslocar políticas de defesa para o cotidiano municipal, chamando atenção para o tipo de futuro que queremos construir. “Queremos entregar nossos jovens à guerra? Ou queremos transformar desigualdades e fazer da mutação e da vida o centro da resiliência?”

A mesa foi mediada pelo representante brasileiro no IberCultura Viva, João Pontes, que ressaltou a potência de pensar cultura e esporte como dimensões inseparáveis da experiência humana. Em sua fala, destacou que, “se a cultura é a dimensão simbólica da vida social, tudo é cultural, e se somos corpos que se movem no espaço, tudo também é esporte”.

Para ele, reconhecer essas intersecções é fundamental para construir políticas públicas de mediação em sociedades atravessadas por violências estruturais. “Vivemos contextos em que a hegemonia cultural reproduz violências patriarcais, racistas e xenofóbicas. Pensar cultura e esporte juntos é pensar caminhos de existência, expressão e cuidado.”

O debate ganhou densidade com as contribuições dos demais painelistas: Isabel Swan, vice-prefeita de Niterói, reforçou o papel das cidades na promoção de políticas de convivência e paz; Guilherme Lopes, diretor do Núcleo de Editais da Secretaria Municipal das Culturas de Niterói, apresentou experiências como o Brotaí e os Pontos de Cultura como ferramentas de pacificação; Joaquim Desmery, secretário de Educação, Culturas e Esportes de Quilmes, na Argentina, compartilhou o processo de desenvolvimento de uma Carta de Direitos Culturais; e Sergio Tavares, docente da UCB, trouxe reflexões sobre corpo, território e práticas educativas como instrumentos de prevenção à violência.

Juntas, essas falas evidenciaram que fortalecer políticas culturais e esportivas é também fortalecer pactos democráticos locais. A mesa reafirmou a importância de compreender cultura e esporte como dimensões estratégicas para a construção de cidades resilientes, cuidadoras e comprometidas com a vida.

Assista ao vídeo completo da mesa:

Fotos: Secretaria das Culturas de Niterói