30 abril 2025

Com 120 bolsas concedidas e mais de 200 participantes na aula inaugural, o curso reafirma seu papel como espaço de formação, diversidade e articulação dos saberes comunitários na Ibero-América


A oitava edição da Pós-Graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária teve sua classe inaugural nesta quarta-feira (30/04), reafirmando sua vocação como espaço de intercâmbio de saberes e conhecimentos entre territórios, práticas e visões de mundo. Realizado pela FLACSO-Argentina em articulação com o Programa IberCultura Viva, o curso conta com 120 pessoas bolsistas de 13 países ibero-americanos, além de participantes que ingressaram por inscrição direta.

Mais de 200 pessoas acompanharam a aula inaugural – 87 via Zoom e cerca de 120 pelo canal do YouTube do IberCultura Viva. O encontro marcou o início de uma nova travessia formativa e a consolidação de uma rede internacional que cresce a cada edição, não apenas em número, mas em diversidade, profundidade e compromisso.

Representante do Brasil no Conselho Intergovernamental do Programa, João Pontes – que também é Diretor da Política Nacional de Cultura Viva do Ministério da Cultura de seu país (Minc) – trouxe à abertura uma leitura incisiva sobre o momento geopolítico que vivemos. Ele lembrou que estamos atravessando um tempo decisivo para o futuro da democracia, da justiça climática e da diversidade cultural no continente. “Não há futuro possível sem reverter a lógica atual de produção e distribuição da riqueza. E são justamente os grupos culturais de base comunitária os mais afetados por essa crise, mas também – e talvez por isso mesmo – os que mais contribuem para impedir seu avanço. São portadores de saberes, práticas e formas de vida que desafiam a lógica do colapso e apontam caminhos de reexistência.”

João – que na ocasião representou a presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg – trouxe também um agradecimento à FLACSO Argentina, destacando sua contribuição para a formação crítica e descolonizadora na região: “A FLACSO cumpre um papel fundamental na construção de conhecimentos e saberes que se opõem ao colonialismo e ao fascismo, e que afirmam a democracia e a diversidade. Uma vez mais, ocupa um lugar histórico imprescindível em nossa América Latina.”

Na mesma direção, a secretária Técnica do IberCultura Viva, Flor Minici, celebrou o processo seletivo como um marco do fortalecimento institucional do Programa: “Esta foi uma convocatória extraordinária. Recebemos mais de mil inscrições, o que demonstra o reconhecimento cada vez maior do valor deste espaço como território de produção de conhecimento plural e enraizado nas realidades locais.”

Flor destacou ainda o empenho coletivo das equipes envolvidas em garantir uma seleção justa e diversa. “Temos todas as pessoas selecionadas matriculadas, e também muitas outras que chegaram por inscrição direta. Isso mostra a potência desta rede, que se expande sem perder sua escuta e seu cuidado. Bem-vindes, começamos.”

Trajetória de aprendizados
Entre as vozes que constroem o percurso pedagógico do curso, o coordenador acadêmico Franco Rizzi compartilhou a emoção de acompanhar o crescimento dessa rede formativa ao longo dos anos: “Como todos os anos, emociona e acelera o coração ver tanta diversidade de rostos, vozes e territórios participando deste curso. A demanda por esse espaço só cresce, e isso é muito significativo, porque se trata de um campo de conhecimento em constante construção.”

Desde a primeira turma, em 2018, Rizzi lembra que a proposta sempre foi construir um espaço plural, com docentes de diversos países e olhares múltiplos – alguns mais teóricos, outros mais práticos ou metodológicos. “Mas, como costumamos dizer, trata-se de um intercâmbio de saberes. E por isso é tão importante ler a prática à luz da teoria, colocá-la em tensão, cultivar uma mirada crítica. Esse é, em essência, o coração do curso.”

Sua colega na coordenação, Belén Igarzábal, também reforçou a ideia de protagonismo das pessoas participantes: “Vocês são especialistas em suas áreas, em suas práticas. Queremos que compartilhem suas experiências, que alimentem os debates. Celebramos a diversidade e o intercâmbio – esses são os eixos centrais do curso, que se repetem ano após ano. E junto a eles, a construção de redes.”

Diego Benhabib, consultor de redes e formação do IberCultura Viva, destacou que o curso não se limita à transmissão de conteúdos acadêmicos. “É uma aposta em gerar comunidade, articular saberes e acompanhar quem constrói práticas culturais desde baixo. Cada trajetória aqui presente nutre essa rede.”

Percurso
Nesta primeira aula, foram apresentados os lineamentos gerais do curso, a metodologia de trabalho, a dinâmica dos fóruns e as orientações para os trabalhos que serão desenvolvidos ao longo do ano. A tutora Cecilia Salguero explicou que a proposta acadêmica está estruturada em cinco módulos temáticos: Processos culturais contemporâneos, Políticas culturais, Cultura de base comunitária, Redes e cultura colaborativa e Desenho, monitoramento e avaliação de políticas públicas, além de um módulo introdutório.

As aulas serão publicadas semanalmente, em formatos escritos e audiovisuais, com acesso liberado dentro de cada semana.

Assista à aula inaugural na íntegra: