29 setembro 2025

“Foi o momento de apresentar o Programa IberCultura Viva, seus resultados e o trabalho que seguimos desenvolvendo no Brasil, uma política de base comunitária que nos une a todas e todos”, afirmou Márcia Rollemberg, presidenta do Programa e secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil (MinC), durante o side event realizado nesta segunda-feira (29/09), no Centro Internacional de Convenciones de Barcelona (CCIB), no marco da Mondiacult 2025.

O evento, intitulado “IberCultura Viva: la promoción de los derechos culturales y el fortalecimiento de los ODS”, contou com a mediação de Lorena Larios, secretária de Cooperação da SEGIB, e reuniu Jazmín Beirak, diretora geral de Direitos Culturais do Ministério da Cultura da Espanha, e Yannai Kadamani Fonrodona, ministra das Culturas, das Artes e dos Saberes da Colômbia.

Márcia Rollemberg, presidenta do Programa IberCultura Viva | FOTO: Segib
Um público diverso compareceu para ouvir este evento liderado por mulheres que compõem o IberCultura Viva | FOTO: Segib
Jazmín Beirak, diretora geral de Direitos Culturais do Ministério da Cultura da Espanha | FOTO: Segib

Beirak apresentou o Plano de Direitos Culturais da Espanha, descrito como “um ativador de possibilidades para a cultura. Um mapa, uma estratégia e um guia para garantir que todas as pessoas possam participar plenamente da vida cultural, acessá-la e transformá-la em condições de igualdade”. Para a diretora, o plano representa uma aposta renovadora das políticas culturais, ao conceber a cultura como direito humano fundamental e bem comum inseparável do bem-estar, da democracia e da justiça social.

A ministra da Colômbia compartilhou a experiência da iniciativa Artes para la Paz, que articula um ecossistema cultural amplo e diverso. O programa leva educação artística a escolas, processos comunitários, centros penitenciários, casas de acolhida e organizações culturais profissionais, assegurando que arte e cultura sejam reconhecidas como direitos fundamentais de todas e todos — e não privilégios de poucos.

Yannai Kadamani Fonrodona, ministra das Culturas, das Artes e dos Saberes da Colômbia | FOTO: Juliana Uepa/ MinC

As falas também enfatizaram a ligação entre cultura e democracia: a necessidade de preservar heranças culturais, valores, tradições e patrimônios; o fortalecimento de princípios democráticos como liberdade, igualdade, justiça e respeito à natureza; e o papel da cultura na educação, na diversidade, na convivência social e na participação cidadã.

“É um case da América Latina, que inspira o mundo a olhar para os povos originários, para as comunidades afrodescendentes e para os territórios tradicionais. Uma política inclusiva, afirmativa e de grande participação social”, completou Rollemberg, sobre o caráter inovador e regional do IberCultura Viva, que hoje reúne 14 países em torno da cooperação cultural comunitária.

IberCultura Viva: uma rede de povos, saberes e governos

O que começou em 2014, inspirado no programa Cultura Viva do Brasil, hoje se consolidou como uma rede vibrante que reúne 14 países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, além de coletivos, artistas, educadores, gestores e governos locais.

Essa história, no entanto, tem raízes muito mais antigas: nasce dos modos de vida e dos saberes de povos originários, comunidades quilombolas, ribeirinhas, periféricas e camponesas. É nesse legado que se alicerça a construção de políticas culturais participativas e inclusivas em toda a Ibero-América.

IberCultura Viva é rede. A Rede de Cidades e Governos Locais (criada em 2019, hoje com 28 integrantes) e a Rede Educativa (lançada em 2025, já com 12 instituições) são espaços estratégicos de articulação. Mais de 40 intercâmbios aproximaram organizações comunitárias de distintos países por meio da convocatória IberEntrelazando Experiências.

Outro eixo essencial do Programa é a formação, com destaque para o Pós-Graduação Internacional em Políticas Culturais de Base Comunitária, desenvolvido em parceria com a FLACSO-Argentina. Já em sua 8ª edição, o curso soma mais de 820 pessoas bolsistas em toda a região.

FOTO: Juliana Uepa/ MinC

FOTO: Segib

FOTO: Segib

Juliana Uepa/ MinC

A presença do Programa em Barcelona combina diálogo internacional, celebração comunitária e construção de redes. A agenda inclui atividades oficiais da Mondiacult 2025 e encontros paralelos que ampliam o protagonismo ibero-americano na cena cultural global.

26 e 27/09 – XI Encontro Cultura e Cidadania (CCCB): apresentação do Programa e da Rede de Cidades e Governos Locais no painel Cartografia de redes culturais: conectando práticas, territórios e comunidades. Durante os dois dias, também foram realizadas atividades de networking e mantido um estande com publicações que celebram os 10 anos do IberCultura Viva e os 40 anos do Ministério da Cultura do Brasil.

29/09 – Side event na Mondiacult (CCIB, 8h15): momento central da agenda, com o evento “IberCultura Viva: a promoção dos direitos culturais e o fortalecimento dos ODS”.

30/09 – Culturópolis (CCCB): participação na apresentação da DeclaraAção de Concepción (Chile), ao lado de Niterói (Brasil) e Quilmes (Argentina), integrantes da Rede de Cidades e Governos Locais.

01/10 – Culturópolis (CCCB): lançamento da Comunidade de Aprendizagens, reunindo territórios e parceiros estratégicos em torno de processos formativos. Na mesma ocasião, acontece a oficina “De Olinda a Barcelona: tecendo novas redes ibero-americanas de Pontos de Cultura”.