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05

set
2016

Em Notícias

Organizações comunitárias lançam a Rede Cultural de Chacras de Coria, em Mendoza

Em 05, set 2016 | Em Notícias |

No dia 28 de agosto, organizações comunitárias e “fazedores culturais” se reuniram na praça distrital de Chacras de Coria, na província de Mendoza (Argentina), para o lançamento formal da Rede Cultural de Chacras de Coria (Luján de Cuyo). O Teatro Leonardo Favio – um antigo cinema que a Asociación Civil Chacras para Todos recuperou em 2010 para a comunidade – também foi parte da festa, que ao longo da tarde e da noite contou com apresentações de música, dança e teatro, mostras de artistas plásticos, e a presença de mais de 70 artesãos e microempreendedores.

A rede nasceu em 8 de junho de 2016, após uma reunião no Teatro Leonardo Favio, o “Centro Cultural para Todos”, em que participaram representantes de organizações culturais e comunitárias, instituições, escolas públicas e privadas, centro de saúde, artistas e vizinhos vinculados à cultura de Chacras de Coria e distritos próximos. Com o espírito de trabalhar juntos, articulando organizações e fazedores culturais entre si, com o governo, o setor privado e os vizinhos, os integrantes buscam mostrar que o trabalho cooperativo e solidário pode conquistar transformações sociais, sustentando e reafirmando os valores da identidade local.

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Depois da reunião inaugural foram realizadas reuniões periódicas com os representantes de cada uma das organizações. Uma das metas era dialogar com o prefeito do município, o que ocorreu em 24 de agosto. “Éramos umas 90 pessoas de diversas organizações. Fizemos uma apresentação dos pontos relevantes da rede e a aceitação foi enorme, houve acordo em tudo e já começamos a ter um encontro semanal com o diretor de Cultura e Turismo, Gonzalo Ruiz, para coordenar tarefas em comum e tratar de diversos temas”, conta Silvia Bove, presidenta da Associación Civil Chacras para Todos, uma das 20 organizações integrantes da rede (*).

Silvia Bove comenta que a iniciativa  demandou anos de articulação com algumas organizações no território (biblioteca popular, murgas, associações de vizinhos), em ações concretas em eventos como o festejo do carnaval do distrito, as comemorações do Dia da Criança e do Dia da Memória, da Verdade e da Justiça, que se realiza em 24 de março por ocasião do golpe de Estado na Argentina em 1976 (para nunca esquecer). “Nesta construção espontânea que vinhamos desenvolvendo havia alguns anos, uns quatro, decidimos dar um salto mais firme e avançar na construção da rede com nome e sobrenome, envolvendo também distritos vizinhos”, completa.

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Cor local

As ferramentas e os conceitos da Cultura Viva Comunitária (o movimento  latino-americano “de base comunitária, local, crescente e convergente que assume as culturas e suas manifestações como um bem universal dos povos”) foram adaptados ao território e ao espírito dos vizinhos da comunidade, que foram dando sua cor local. “O que impulsiona e motiva esta rede é essencialmente construir um entramado diverso e rico que preserve estas organizações, lhes dê visibilidade, proteja a história, a memória, as celebrações e tradições locais, que nos irmane e fortaleça, que contemos às crianças e aos jovens que a cultura é a matriz vital dos povos, que é nossa tarefa que a conheçam e sustentem”, afirma Silvia.

No Manifesto da Rede Cultural Chacras de Coria, os membros se propõem os seguintes objetivos: a) resgatar a cultura local; b) potencializar as atividades desenvolvidas por seus integrantes; c) valorizar a memória, a identidade e as celebrações do lugar; d) resguardar os fazedores culturais locais; e) apoiar as ações culturais realizadas pelos membros da comunidade; f) articular ações entre as organizações locais, o setor público e o privado; g) participar do desenho das políticas públicas culturais; h) integrar a comunidade por meio da cultura; i) construir e sustentar a história e a cidadania local; j) articular entre as instituições educativas, esportivas e artísticas com demais organizações de Chacras, k) projetar articulações em um plano provincial, nacional e internacional.

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O manifesto, segundo Silvia Bove, “é um primeiro apontamento dos sonhos e desejos que nos propomos, mas entendendo que como a cultura muda e se move, vai se enriquecendo de acordo com a quantidade de organizações diversas que vão integrá-la”. A ideia, portanto, é gerar uma voz coletiva, alcançar um diálogo o mais horizontal possível entre eles, conhecer suas problemáticas e envolver à maior quantidade de organizações e fazedores culturais em ações comuns e a partir daí impulsar uma mesa de diálogo para construir políticas públicas culturais em conjunto com os governos municipais.

“É válido compartilhar esforços de outras latitudes, mais ainda nestes tempos em que imperam o individualismo e a competitividade, sendo assim um tema crucial e de muita urgência todo tipo de ação que prospere este tipo de iniciativas”, ressalta a psicóloga social Luz Plaza, também membro da rede. Para ela, é importante superar distâncias, passar do individual ao grupal, onde todos aprendem de todos. “O enriquecer está na interação e no trabalho coletivo, na soma de vontades, é daí que se impulsionam as mudanças, onde o sujeito é ativo.”

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Luz Plaza cita Paulo Freire e Pichon Riviere, autores que dedicaram suas vidas a mostrar que educar é transformar, para ressaltar que “aportes a partir da cultura e da arte são como a água para uma sociedade, sem eles não se cresce” e que todo processo cultural em um trabalho grupal comprometido “leva a um crescimento pessoal e a uma mudança de perspectiva de sujeito passivo a sujeito ativo e construtor de sua realidade. Uma realidade que não lhe é indiferente, e sim da que se sente parte e protagonista, convertendo-se em um fazedor de cultura e propulsor de novas ideias que o enriquecem a si mesmo e a seu entorno”.

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Leia também:

Manifiesto de la Red Cultural Chacras de Coria y Distritos Aledaños de Luyán de Cuyo

(*) Participam da rede microempreendedores, artesãos, Biblioteca Popular de Chacras de Coria, Escuela Teresa O’Connor, Escuela Francisco Correas, Jardín Maternal Perpetuo Socorro, Crecer Felices, Chacras para Todos, Club Cultural Chacras, Correveidile, Maria Elena Elaskar (yoga), Juliana Mucarsel (Pan y Circo), Cuidados Musicales, Unión Vecinal Chacras de Corias, Unión Vecinas Plaza Levy, Unión Vecinal Cordón del Plata, Coro de Chacras, Tierra Malbec, El Kallo, Instituto de Música, Sandra Amaya, Javier Rodríguez, Claudia Vogelman (folclore), Ricardo y Andrea (tango), Grupo de Teatro Comunitario de Perdriel, Risas de Mi Tierra, Mauricio Chaar (editor) e Unaymanta.