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EDITAIS

15

maio
2019

Em EDITAIS
Notícias

Conheça os selecionados no concurso de curtas “Comunidades Linguísticas”: identidade e salvaguarda”

Em 15, maio 2019 | Em EDITAIS, Notícias |

A maioria das 7.000 línguas faladas ao redor do mundo são indígenas. São línguas que definem identidades, que expressam história, que portam cultura, conhecimento, valores. Os vídeos selecionados no concurso “Comunidades Linguísticas: identidade e salvaguarda”, cujo resultado foi publicado em 14 de maio, falam disso, da importância dos idiomas para as comunidades e para a humanidade em seu conjunto. Mostram que é por meio da língua que preservamos a memória e construímos o futuro.

“A língua permite a reafirmação do povo sobre nosso território, sobre a cosmovisão e as relações sociais para uma convivência mais harmônica. Por isso é que seguimos ensinando e não deixamos que nossa língua morra”, afirma Yaid Bolaños, antropólogo indígena que divide com Sofía Chingate a autoria do curta-metragem “Nasa yuwe”, primeiro colocado no concurso.

Além deste, que vem da Espanha e trata dos indígenas nasa na Colômbia, outros nove curtas foram premiados com 500 dólares cada. A comissão de avaliação também decidiu conceder 15 menções honrosas (sem prêmios em dinheiro) devido à quantidade, qualidade e diversidade dos vídeos apresentados. Foram recebidas 84 inscrições entre 12 de outubro de 2018 e 8 de março de 2019.

Lançado pelo programa IberCultura Viva em parceria com o Escritório de Representação da UNESCO na Guatemala, o concurso teve como inspiração a resolução da Assembleia Geral da ONU, que declarou 2019 como o Ano Internacional das Línguas Indígenas, para advertir sobre a perda destes idiomas e a necessidade de conservá-los e revitalizá-los.

OS 10 VÍDEOS PREMIADOS

 

  1. Nasa Yuwe” – Sofia Chingate – Espanha

Nasa yuwe é a língua praticada pelos indígenas nasa na Colômbia. “O nasa yuwe falado pelos vivos e os mortos é a representação de nossa história. Está escrita em nossa mente, em nosso coração e nos tecidos trançados cuidadosamente pelas mulheres”, afirma Yaid Bolaños, indígena antropólogo que fala sobre a importância de preservar a língua mãe neste curta dirigido por ele e Sofía Chingate.

“Nossa língua determina a relação com os espaços sagrados e espirituais”, completa. “Aquele que pratica o nasa yuwe é livre, é sábio, e é capaz de convergir as forças humanas e sobrenaturais a fim de traçar os caminhos da unidade e de resistências coletivas que dão luz e vitalidade às lutas iniciadas há centenas de anos. (…) Ali se encontra nossa raiz, o reconhecimento de nossa cultura e sua forma de sentir e pensar a partir do coração.”

 

  1. Hacia la interculturalidad” – Rodrigo Romero – Chile

Este documentário sonoro retrata a mirada espiritual de um grupo de professores e educadores indígenas que deixa seu lar no campo para trabalhar em uma das cidades mais jovens da América, com o desafio de ensinar sua língua milenar, apesar da reticência de professores e pais. O vídeo permite viajar musicalmente por um relato coral dos protagonistas e seu imenso aporte para problemáticas contingentes, como o racismo, a discriminação e a xenofobia. Tudo isso graças ao ensino de valores como o respeito, a tolerância e a valorização da diversidade, valores associados à cultura mapuche, único povo indígena da América reconhecido como nação independente pelo império espanhol.

 

 

3 – “Pokchi/Comunidad” – Carolina Martín de Ramón – Peru

Miaría é uma comunidade amazônica do Peru onde os moradores falam Yine, uma das 29 línguas originárias do país que se encontram em risco de extinção. Para lutar contra o seu desaparecimento, anciãos, adultos, jovens e crianças se uniram em uma batalha comum: manter seu idioma vivo, e com ele sua identidade. O fortalecimento da língua não apenas contribui para a revitalização de sua cultura como também perpetua algo essencial para eles: o Pokchi (comunidade), ou o conjunto de moradores que compartilham a língua Yine e, com ela, uma visão única do mundo.

O vídeo foi realizado por Teresa del Castillo Rovira e Carolina Martín de Ramón, com o apoio da Comunidade Nativa Yine de Miaría (Bajo Urubamba, Cuzco. Peru). As realizadoras são integrantes do coletivo La Combi – arte rodante.

 

4 – “Nina Fuego” – Kuyllur Saywa Escola Chachalo – Equador

Este trabalho é um dos resultados dos cinco vídeos que fazem parte de um processo denominado “Kipiku de saberes musicais do povo Kichwa Karanki”. Suas letras são inspiradas e cantadas para a água, o vento, o fogo, a terra e a reafirmação identitária de ser Karanki. São vídeos curtos e canções curtas com a finalidade de quem o escuta ou possa aprender. Segundo o realizador Raymi Guatemal, o que se quer com este trabalho é mostrar que sim, pode-se buscar novas formas de voltar a falar a língua materna. O grupo Amaru Canto y Vida se soma a este sonho e ao processo de retomar sua língua materna através da música e da pedagogia dos “avós dizendo-fazendo”.

 

5- “Escribirnos, leernos” – Joan Serra Montagut/SOM Editorial Colectiva – México

O vídeo apresenta a experiência do Projeto Ja’ab, que permitiu construir a primeira coleção de livros coletivos feitos de maneira independente por centenas de jovens na Ibero-América. Através de uma viagem literária por 12 cidades de El Salvador, Honduras, Guatemala, Belize e México, centenas de jovens mostraram sua voz, sua identidade e suas raízes em 12 livros que em breve poderão ser lidos em mais de  mil de bibliotecas públicas e espaços de leitura. Escrevendo e lendo a nós mesmos, nos conhecemos mais, valorizamos nossos traços mais genuínos, os conservamos e os comunicamos aos demais.

SOM Editorial Colectiva, associação sem fins lucrativos com sede em Mérida (Yucatán, México) é o selo editorial desta experiência literária, social e cultural sem precedentes que tem na língua e suas infinitas possibilidades seu eixo motor.

 

6 – “A Orillas del Lago” – Adriana Arana – Guatemala

A perda dos idiomas originários na Guatemala foi muito marcante, mas pouco a pouco vai-se descobrindo a riqueza destes idiomas e da importância de conservá-los. “Tratamos de conscientizar e dar visibilidade à cultura e ao idioma dos povos originários na Guatemala. E entrarmos em sua história para dar um fio conector aos responsáveis que somos por continuar com a prática e reprodução dos mesmos”, afirma a realizadora Adriana Arana.

7 – “Voces Originarias, Radio La Aurora” – Agustin Kazah – Argentina

Na escola de um povoado isolado na província de Chaco funciona uma rádio. A princípio surgiu como ferramenta pedagógica em língua castelhana, mas atualmente é uma ferramenta trilingüe que permite que as línguas Qom e Guaraní também sejam parte da transmissões. Dessa maneira, os alunos conseguem expressar-se e estender os limites destas duas línguas originárias.

 

 

8 –  “Lengua Pampa Charrua” – Ciro Rodríguez – Uruguai

Este vídeo mostra parte do trabalho que a organização indígena Clan Chonik Charua vem realizando para o resgate, a recuperação e a difusão da língua Charrua Pampa no Uruguai, como parte fundamental de uma cosmovisão, consciência, maneira de ser de sua ancestralidade originária.

Para ver o vídeo: https://youtu.be/26YfzsNAB1M

 

9 – “Andando além do mar” – Thalita da Silva Oliveira Costa – Brasil

O vídeo jornalístico produzido para o concurso mostra uma entrevista realizada com um professor bilingüe indígena. Ele fala da importância da língua guarani e das formas de ensino existentes em sua aldeia.

 

  1. Re-existencia Kukama” – César Henrique Zamudio de Souza – Peru

A língua Kukama-Kukamiria está se perdendo entre os nativos kukamas, desde que eles se convenceram de que falar a língua nativa era um ato de ignorância e que ia contra sua religião e o progresso. Por isso, o Festival Yrapakatun põe em marcha um projeto de resgate cultural no qual se transmite o conhecimento da língua por meio de atividades artísticas aos mais jovens da comunidade.

O curta foi realizado por César Henrique Zamudio de Souza e Mario Michel Barbachan Gonzales, do coletivo Inmigrante, formado em 2015 com a finalidade de intervir com trabalhos audiovisuais na comunidade de Santo Tomás, Loreto, no Peru.

 

AS 15 MENÇÕES HONROSAS

1. “Ishkay Yachay” – Isabel Andrade – Equador

Este documentário celebra o trabalho de vida de Laura Santillan. Ela fundou e lidera a Yachay Wasi, uma escola intercultural onde os estudantes aprendem Kichwa e o Ishkay Yachay, uma combinação de conhecimentos modernos e indígenas.

 

 

2. “Negro Urco” – Renzo Alva – Peru

Na zona do Rio Napo, no Peru, Rosa e Santiago são dos professores Muruy Muinane que multiplicam a sabedoria através da pedagogia intercultural e o fortalecimento identitário.

 

3. “Millcayac Mayena-Decir Millcayac” – Liliana Claudia Herrera – Argentina

O curta trata da obra poética difundida no livro “Millcayac Mayena-Decir Millcayac”, da cacique Liliana Claudia Herrera, da Comunidade Huarpe Guaytamari (Mendoza, Argentina), com poesias e canções cerimoniais na língua huarpe millcayac. Trabalho de pesquisa, resgate e ressignificação da língua huarpe, desde 1980 até os dias de hoje, convertida em poesia e música. Obra apresentada na Feira do Livro de Mendoza em 2018.

 

4. “Afafan de Warria” – Joseba Urrutikoetxea/ Proyecto Wakaya – Espanha

Christopher Coñoman, um jovem mapuche orgulhoso e comprometido com suas origens, difunde o mapudungum através do rap. Dentro dos vagões do metrô de Santiago, no Chile, amarra sua “trarilongko” na cabeça e, armado com um microfone, dispara suas reflexões em forma de rima para visibilizar seu povo diante do público improvisado.

O video é de autoria coletiva. Foi realizado por Alejandra Gayol, Ignacio Espinoza, Celia Vazquez, Idoia Olaizola, Alejandro Gonzalez e Joseba Urrutikoetxea.

 

 

5 – “Mapuzugun, el habla de la tierra” – Angélica Ramiro Zarges – Chile

Neste vídeo documentário falado em língua mapuche (mapuzugun), Elisa Loncon Antileo, acadêmica doutora em línguas proveniente de uma comunidade mapuche ao sul do Chile, apresenta em seu relato a forma de viver do povo mapuche, em íntima relação com a terra e com a natureza, e mostra como o idioma mapuzugun é parte profunda desta relação e de sua cosmovisão.

 

 

6. “Olvidados” – Cecilia Us – Guatemala

O curta documentário “Olvidados” (“Esquecidos”) denuncia parte das problemáticas ambientais, sociais, políticas, econômicas e culturais do povo maya poqomam. Apesar do abandono e da falta de políticas e ações que melhorem e garantam melhor qualidade de vida para esta população, este povo resiste a morrer culturalmente.

Para ver o vídeo: https://vimeo.com/318357491

 

7. “João Ahezomae” – Joscelio Onizokaece – Brasil

O curta busca o contraste entre expressão, línguas e gerações: ali está a última mensagem deixada pelo cacique-geral João Ahezomae, líder na demarcação das terras de seu povo, poucos dias antes de falecer, e a apresentação de cantos e danças tradicionais da etnia Paresi-Haliti. “Nossa terra e nossa cultura são uma coisa só”, afirma o diretor Joscelio Onizokaece, indígena da etnia Paresi-Haliti que tem desenvolvido atividades de registro audiovisual de sua cultura. As imagens foram filmadas durante o evento FEPOIMT na aldeia Rio Verde, Terra Indígena Paresi. O título do filme é uma homenagem à sua memória e sabedoria.

 

 

 

8. “Resígaro, sobreviviendo al olvido” – Lee Bendezú – Peru

Pablo Andrade conta como sua família migrou da Colômbia para o Peru, fugindo dos seringueiros; assim como sua situação como falante da língua resígaro e as dificuldades que tem por ser o único que fala essa língua na Comunidade Nativa Nueva Esperanza (Pebas, Mariscal Ramón Castilla, Loreto).

 

9. “Aún hay Esperanza” – Jimmy Piaguaje – Equador

O curta tem como objetivo dar visibilidade aos problemas que enfrentam as comunidades indígenas na atualidade, com os avanços industriais extrativas e monocultivos (palmas), causando perdas de bosques ancestrais e colocando em risco a sobrevivência da cultura e da biodiversidade. Também tem uma mirada na educação ambiental e alternativa para conscientizar crianças, jovens e adultos das comunidades sobre a importância da cultura e da natureza.

 

10. “Waorani” – Luciano Nacci –  Argentina

Realizado por Luciano Nacci com a colaboração de Florencia Velozo e Edgar Acuna, o vídeo mostra os costumes e as raízes da tribo “Waorani”, localizada às margens do Rio Napo, no Equador. “A floresta é como um mercado, uma farmácia onde temos tudo”, conta Gome, nascido e criado na tribo, onde vivem ao redor de 40 pessoas.

 

 

11. “Guardianes del Uru Uchumataco” – Juan Pablo Tobal Claira – Argentina

Às margens do Rio Desaguadero, em La Paz, Bolívia, se encontra a comunidade Uru Irohito. Ali deixou-se de falar a língua materna há anos, mas alguns sábios ainda a conservam. Eles começaram um importante processo de revitalização da língua e as crianças se transformaram em verdadeiros ativistas.

Para ver o vídeohttps://vimeo.com/322087000

 

  • 12. “Jotay” – Alexandro Lux – Guatemala

A bisavô mantêm todos os costumes kaqchiqueles, mas a família, a partir de sua filha e neto, foi perdendo os costumes, tradições e o idioma. Anos mais tarde, o neto retoma o aprendizado do idioma, ensina a sua filha e funda uma escola de ensino do idioma kaqchiquel.

 

 

13 – “El respeto” – Norma Cristina Fernández – Argentina

“El Respeto” mostra Nancy López, comunicadora wichi de uma rádio comunitária em Tartagal (Salta), contando em espanhol e em wichi sua experiência como integrante de um povo originário na Argentina, apoiada pelas pinturas de uma artista de sua etnia.

 

 

  1. “Simikuna y la fuerza del viento” – Andrea de Jesús Oré Campos  – Peru

Simikuna é uma jovem em busca do sentido de seu nome. Nesta travessia, ela encontra pessoas que a ajudam a entender a razão de sua existência. Ao enfrentar o vento, ela descobre o significado de seu nome.

 

 

  1. Mbyatubes” – Carlos Frederico Barbosa Pinheiro/ .txt – Brasil

“Mbyatubes” é o ríesultado de uma oficina de cinema e mídia menor realizada em 2016 com crianças Mbya guaraní, da Aldeia Mata Verde Bonita, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro (Brasil). Esta oficina estava entre as atividades do projeto Ventana a la Biodiversidad, um dos ganhadores do Edital IberCultura Viva de Intercâmbio 2015. Foram duas semanas de trabalho com crianças, jovens e adultos e um cineasta indígena.  Ali se realizaram cinco mídias de “palavras-afetos” e duas vídeocartas. . O grupo também trabalhou num vídeo sobre educação mbya-guarani de Verá Mirim.