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27

maio
2019

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3º Encontro de Redes: uma construção coletiva para seguir fortalecendo as políticas culturais comunitárias

Em 27, maio 2019 | Em Notícias |

O 3º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado nos dias 16 e 17 de maio na cidade de Buenos Aires (Argentina), terminou com o recebimento das primeiras quatro cartas de adesão à Rede IberCultura Viva de Cidades e Governos Locais – de Zapopan e San Luis Potosí (México), San Pedro de la Paz (Chile) e Corrientes (Argentina) – e vários acordos para o fortalecimento da articulação com o programa dos governos locais que desenvolvem políticas culturais de base comunitária na região ibero-americana.

Participaram deste encontro representantes de 13 municípios: Córdoba, Corrientes, Marcos Juárez, Salta, Tigre (Argentina); Niterói (Brasil); Arica, Valparaíso e San Pedro de La Paz (Chile); San Luís Potosí y Zapopan (México); Lima (Peru), e Montevidéu (Uruguai). Cinco deles já estavam no grupo de trabalho (GT) formado na reunião anterior, no 2º Encontro de Redes IberCultura Viva, realizado em Quito (Equador), em novembro de 2017, durante o 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

As jornadas em Buenos Aires, realizadas na Casa Victoria Ocampo com transmissão ao vivo por Facebook, também contaram com a presença de representantes de 11 países membros do Conselho Intergovernamental IberCultura Viva. Andrés Gribnicow, secretário de Cultura e Criatividade da Secretaria de Cultura da Argentina, e Paola Gallia, diretora nacional de Diversidade e Cultura Comunitária, estiveram no local para dar as boas-vindas às pessoas participantes.

 

Dia 1

Diego Benhabib, coordenador de Pontos de Cultura da Argentina e representante da presidência do IberCultura Viva, abriu os trabalhos agradecendo a presença dos/das representantes institucionais e recordando que o programa vem trabalhando há dois anos na construção de uma rede de governos locais, “para que a partir desta construção coletiva possamos seguir ampliando e fortalecendo as políticas culturais de base comunitária na região ibero-americana”.

Lembrou, também, que fortalecer as políticas culturais comunitárias é um dos objetivos do programa IberCultura Viva, assim como promover e fortalecer as organizações culturais comunitárias (não apenas no desenvolvimento de seus projetos, mas também em seus mecanismos de gestão associada com o Estado), e dar visibilidade à cultura comunitária. “Queremos posicionar a cultura comunitária em sua real dimensão e em sua verdadeira incidência em termos de mudança das condições de vida das comunidades”, afirmou.

Segundo Benhabib, apostar na cultura comunitária é apostar na transformação. “Na Argentina, um estudo feito em 2017, para a Pesquisa Nacional de Consumos Culturais, trouxe um dado revelador, que demonstra a potência deste setor: 25% de nossa população participa de alguma atividade de cultura comunitária em seus territórios, seja como assistente ou facilitador de processos, como oficineiro/a, como gestor cultural, como dirigente, etc. Aí está a chave. E imagino que nos outros países, com outros dados, isso também é palpável.”

 

As comissões

Em seguida, Rosario Lucesole, consultora de projetos da Unidade Técnica do IberCultura Viva, apresentou alguns avanços do GT de governos locais e explicou como funcionaram as três comissões de trabalho montadas inicialmente para o desenvolvimento de ações específicas: Comissão de Publicações; Comissão de Agenda e Encontros, Comissão de Estruturação do GT.

A primeira se propôs iniciar a sistematização e publicação de experiências de políticas culturais e organizações de base comunitária. O livro Puntos de cultura viva comunitaria iberoamericana. Experiencias compartidas“, editado pela Alcaldía de Medellín (Colômbia) e lançado na abertura deste 4º Congresso Latino-americano de CVC, é o primeiro resultado do trabalho desta comissão.

A segunda comissão esteve voltada a registrar e compartilhar a agenda da cultura comunitária dos municípios, e a terceira teve como objetivo elaborar os mecanismos de adesão dos governos locais e definir parâmetros para a inclusão na rede, além de coordenar a implementação de uma autoavaliação de políticas culturais comunitárias para governos locais.

Este Guia de Autoavaliação de Políticas de Cultura Comunitária foi elaborado pelo mexicano Rafael Paredes (Traza.mx), mestrando em Desenvolvimento Econômico e Cooperação Internacional na Benemérita Universidad Autónoma de Puebla (BUAP). O documento é resultado do projeto de pesquisa “Avaliação e fortalecimento das políticas culturais de base comunitária no Espaço Ibero-americano” e busca servir como ferramenta para governos locais com interesse em fazer uma revisão de suas ações e construir uma agenda participativa, colaborativa e intersetorial.

 

Mudanças de paradigma

No começo da tarde, Andrés Gribnicow, secretário de Cultura e Criatividade da Secretaria de Cultura da Argentina, comentou a importância de fortalecer os espaços da sociedade civil organizada, “que são os que realmente estão muito próximos das pessoas” e atendem as problemáticas daqueles que vivem nestes territórios do ponto de vista da cultura.

“Estamos em um momento de muitas mudanças de paradigma, e estes espaços cumprem um papel fundamental em demandas como, por exemplo, novas perspectivas de gênero, novas abordagens sobre a cultura colaborativa, os fluxos migratórios, a hiperconectividade…Eles chegam muito antes da gente para atender a estas demandas”, observou Gribnicow. “Nos interessa cada vez mais fortalecer esses espaços. Que eles possam ter acesso a financiamento, a um trabalho colaborativo com o Estado, e  possam estar empoderados, para fazer sozinhos este caminho para a sustentabilidade de seus projetos.”

As experiências

Após uma capacitação sobre o sistema de autoavaliação de políticas de cultura comunitária (os/as participantes se distribuíram em grupos de cinco pessoas para fazer os exercícios propostas), o secretário técnico do IberCultura Viva, Emiliano Fuentes Firmani, apresentou algumas das possibilidades que oferece a plataforma Mapa IberCultura Viva, lançada pelo programa em agosto de 2018.

O primeiro dia de atividades terminou com um painel sobre experiências de gestão cultural comunitária participativa. Os expositores foram Gerardo Padilla, coordenador de Inovação e Desenvolvimento Institucional da Direção de Cultura de San Luis Potosí (México); Lucía Mantilla, subgerente de Promoção Cultural e Cidadania da Municipalidade de Lima (Peru); Diego Pigini e Lucrecia Gonzalez, da Direção de Cultura Comunitária da  Municipalidade de Córdoba (Argentina), e Alba Antúnez, diretora do programa Esquinas da Cultura, desenvolvimento pela Intendência de Montevidéu (Uruguai).

 

Dia 2

A segunda jornada do 3º Encontro de Redes começou com um conversatorio sobre políticas culturais de base comunitária na Manzana de las Luces, no centro da cidade de Buenos Aires. Deste encontro participaram ao redor de 80 pessoas, entre representantes governamentais (nacionais e locais) e integrantes de organizações participantes do 4º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

“Estes congressos permitem ao Conselho Intergovernamental ter um âmbito de diálogo com a sociedade civil para além do estabelecido por cada um dos representantes institucionais em seu próprio país”, comentou Diego Benhabib, justificando a realização deste segundo encontro de governos locais num Congresso Latino-americano de CVC (o primeiro se deu em Quito, em 2017) e também a intenção do programa de buscar espaços de escuta/roda de conversa com as organizações nas cidades onde se realizam as reuniões do Conselho Intergovernamental.

Agenda comum

De volta à Casa Victoria Ocampo, os participantes do 3º Encontro de Redes deram início à roda de conversa “Por uma rede de cidades e governos locais para a cultura comunitária” e buscaram estabelecer uma agenda e algumas ações para o GT de governos locais promover este ano, em articulação com o programa IberCultura Viva.

Conforme determinado pelo Conselho Intergovernamental, duas ações são necessárias para validar a integração à rede: uma solicitação assinada pela autoridade do governo local e um plano de trabalho com ao menos duas atividades de articulação. Para que esta rede avance, o grupo de trabalho de governos locais – que começou com 11 integrantes (10 municípios e uma província) e agora conta com mais oito municípios – deve propor projetos para desenvolver em vinculação com o programa. Propõe-se, também, aproveitar estes espaços como instâncias de reflexão, para gerar alguns consensos e relatos comuns sobre o que são as políticas culturais de base comunitária e poder melhorar estas políticas em seus territórios.

“Há distintas linhas de trabalho que podemos seguir aprofundando em função de pensar o substantivo”, destacou Benhabib. “Podemos, por exemplo, armar um próximo encontro que se encarregue de reflexionar sobre o que é o comunitário, o que é a política de base comunitária, quais são as ferramentas, e que não estejam presentes apenas os representantes dos governos locais, mas sim as vozes dos protagonistas das políticas, daqueles que cogestionam os espaços comunitários.”

 

Duas instâncias

Como esclareceu Emiliano Fuentes Firmani, os governos locais não têm que fazer aportes monetários ao fundo IberCultura Viva para participar da rede. Os países membros são os que contribuem com uma cota anual – e este fundo está destinado ao trabalho comum, ao desenvolvimento de iniciativas como editais, concursos, bolsas, etc. No caso do governos locais, a contribuição se dará por meio de ações de articulação.

“IberCultura Viva é um programa de governos centrais que propõe como linha de ação a articulação com governos locais, que são as instâncias do poder público que articulam com o sujeito principal com que se trabalha”, explicou o secretário técnico. “A forma com que encontramos foi articular um grupo de trabalho primeiro e uma rede depois. (…) A rede já existe, se constituiu com alguns governos locais e começou a funcionar. Isso, no entanto, não inibe a existência do GT. São duas instâncias de um mesmo processo.”

Ainda que a rede já esteja formalizada para começar a estruturar suas atividades de articulação, o GT seguirá aberto, ocupando-se de informar aqueles que não conhecem a  iniciativa e de acompanhar os processos para as adesões, entre outras coisas. As comissões de trabalho são do âmbito do GT, e a partir de agora vão receber novas funções a fim de direcionar as ações para o fortalecimento da rede que está se constituindo.

 

Os acordos

Ao fim das duas jornadas, foi proposta a reorganização das comissões de trabalho em “Comissão de comunicação e publicações” e “Comissão de fortalecimento e organização”. A primeira terá como missão trabalhar na elaboração de um documento comum sobre o que são as políticas culturais comunitárias, incluindo a sistematização de saberes e boas práticas dentro do Banco de Saberes IberCultura Viva, para promover o intercâmbio. Também deverá elaborar um selo IberCultura Viva que sirva para a visibilidade da rede, e construir um documento com perguntas frequentes para dar a outros governos locais a informação necessária na hora de definir sua participação na rede.

A Comissão de Fortalecimento e Organização, por sua vez, estará encarregada de: 1) estabelecer a agenda de trabalho e articulação de ações com os governos locais já aderidos à rede; 2) sistematizar as ações que já estão planejadas e unificar agendas dos programas existentes; 3) criar uma estratégia que permita difundir ferramentas que melhorem as práticas de políticas culturais comunitárias nos diversos territórios; 4) estabelecer um mecanismo de trabalho que permita a realização de encontros virtuais e presenciais para o grupo de trabalho; e 5) planejar a realização de um encontro para a discussão de temas substantivos ou transversais relacionados à implementação das políticas culturais de base comunitária.

 

 

Confira os vídeos da transmissão ao vivo: https://www.facebook.com/pg/iberculturaviva/videos/

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