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05

jun
2017

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Ministério da Cultura premiará 500 iniciativas de cultura popular no Brasil

Em 05, jun 2017 | Em Notícias |

Fotos: Janine Moraes/MinC

A Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil (SCDC/MinC) lançou nesta segunda-feira a 5ª edição do edital Culturas Populares, que tem como homenageado o cordelista Leandro Gomes de Barros. Serão premiadas 500 iniciativas de mestres, grupos/comunidades e instituições que fortaleçam expressões culturais populares brasileiras, retomando práticas em processo de esquecimento e difundindo-as para além de de suas comunidades de origem. As inscrições seguem até 28 de agosto.

Das 500 premiações, 200 serão destinadas a pessoas físicas, outras 200 a coletivos culturais sem constituição jurídica, 80 a pessoas jurídicas sem fins lucrativos e com natureza ou finalidade cultural, e 20 a herdeiros de mestres já falecidos (in memorian), em homenagem à dedicação do trabalho voltado aos saberes e fazeres populares e às expressões culturais, com reconhecimento da comunidade onde viveram e atuaram. Cada iniciativa selecionada receberá R$ 10 mil.

A secretária Débora Albuquerque

“É um recurso considerável (nestes tempos de corte orçamentário) que reflete a nossa preocupação em preservar a memória, incentivar os fazedores de cultura, reconhecer o trabalho dos mestres e das mestras, dos coletivos culturais, dos grupos tradicionais. A gente sabe que há um empenho muito grande das comunidades para manter vivas suas manifestações culturais, muitas vezes sem apoio financeiro. (O prêmio) é um reconhecimento às pessoas que dedicam a vida a manter esses trabalhos”, disse Débora Albuquerque, secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, no lançamento do edital.

O ministro da Cultura interino, João Batista de Andrade, também presente no lançamento, falou do momento de crise vivido no país e da importância de ações como esta, de valorização de manifestações da cultura popular brasileira. “A base fundamental da nossa vida é essa cultura que nasce do povo, que se manifesta ali. Ela tem uma intensidade muito grande. Pode não ter o brilho final de um artista erudito, por exemplo, mas tem profundidade e a capacidade de revelar a vida brasileira”, afirmou.

O ministro interino, João Batista de Andrade

Ao comentar que a literatura de cordel é um fenômeno raro (“é difícil encontrar em outro lugar do mundo algo tão popular, com tantos autores, que movimente a economia e tenha esta capacidade de revelar a vida, como o cordel”), o ministro lembrou que o filme mais conhecido de sua carreira como cineasta, “O homem que virou suco” (1981), trazia uma citação do cordel  “Vida e Testamento de Cancão de Fogo”, de autoria de Leandro Gomes de Barros. “Bem só pode estar o sol/ porque ninguém o alcança/ Haja no mundo o que houver/ o sol lá nem se balança/ Enquanto a fortuna dorme/ a desgraça não descansa”, dizia Deraldo, o poeta popular deste premiado filme-cordel, interpretado pelo ator José Dumont.

O homenageado

Leandro Gomes de Barros — o “príncipe dos poetas populares”, como certa vez disse o escritor Carlos Drummond de Andrade — nasceu em Pombal, no sertão da Paraíba, em 1865. Considerado pelo folclorista Câmara Cascudo  “o mais lido dos escritores populares”, “escreveu para sertanejos e matutos, cantadores, cangaceiros, almocreves, comboieiro, feirantes e vaqueiros”.

Uma das maiores expressões desta literatura que apresenta o Nordeste brasileiro em rima, métrica e oração, Barros foi um poeta que viveu de sua obra, como autor, editor e distribuidor, fazendo versos e vendendo seus folhetos nos mercados, nas bodegas e nos trens. O período mais rico de sua produção teve início em 1893 e seguiu até 1918, ano de sua morte.

A pesquisadora Ione Severo

“O cordel foi durante muitos anos o único texto disponível para alfabetização de milhares de nordestinos que viviam longe dos centros urbanos. Também foi um jornal de época, por onde circulavam as notícias”, destacou a pesquisadora Ione Severo, conterrânea do poeta e responsável pelo acervo dele.

Em 2015, por ocasião dos 150 anos do nascimento do cordelista, foi montada uma “cordelteca” em Pombal. “Para os 100 anos de encantamento do poeta, estamos programando o Circuito Leandro Gomes de Barros, com a realização de eventos no Nordeste e em outros lugares do Brasil para divulgar sua obra”, adiantou Ione, referindo-se ao centenário de morte, em 2018.

A literatura de cordel está em processo de registro como patrimônio imaterial pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Outras manifestações da cultura popular brasileira já registradas – ou em processo de registro – pelo Iphan são o frevo, o bumba-meu-boi, o jongo, o fandango caiçara, o tambor de crioula, as congadas de Minas, os cocos do Nordeste e a marujada de São Benedito. O edital Culturas Populares 2017 se destina a iniciativas como essas, que nascem dos costumes e tradições de um povo e se expressam em saberes, fazeres, práticas e artes produzidos pela comunidade e pelos seus mestres e mestras.  

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