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16

jan
2018

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Impressões de viagem (II): Três chilenas contam suas vivências no Congresso de Quito

Em 16, jan 2018 | Em Notícias |

O 3º Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária, realizado em Quito (Equador) de 20 a 25 de novembro de 2017, reuniu cerca de 450 participantes provenientes de redes, coletivos e organizações culturais de 18 países da América Latina. Cinquenta deles foram selecionados no Edital de Mobilidade IberCultura Viva 2017. Receberam passagens aéreas para acompanhar as atividades do congresso e voltaram cheios de histórias para contar sobre os seis dias de espetáculos, palestras, debates, exposições, círculos da palavra e percursos culturais que tiveram a oportunidade de ver/ouvir/viver lá.

A seguir, algumas das impressões compartilhadas por três representantes de entidades/coletivos do Chile ganhadoras deste edital: Rosa Angelini Figueroa, Nicole Vásquez Tapia e Manuela Cepeda Arroyo.

 

 

Rosa Angelini e a construção do “ser comunitário”

Rosa Angelini é realizadora audiovisual, codiretora de Gestoras en Red, Rede de Gestoras e Produtoras Culturais do Chile e América Latina, e também integrante da FMN Chile (Frente Música Nacional). Em seu informe de viagem, ela conta que participou de quase todas as atividades propostas na programação do congresso e dos círculos da palavra “Gênero e diversidades” e “Fortalecimento organizativo CVC”.

“Foi uma experiência de muita aprendizagem, em que se valorizou e reconheceu a contribuição do trabalho comunitário e territorial, podendo conhecer organizações emergentes e outras consolidadas em nível latino-americano”, afirmou. “Esta experiência nutre nossa organização e fortalece o trabalho de base comunitária.”

Para Rosa, toda instância que propicie o encontro entre diversos agentes culturais é valiosa. E a experiência em Quito, além de dar uma visão sobre a realidade da cultura comunitária em cada país, trouxe conhecimentos sobre a construção do “ser comunitário, construção diversa segundo cada território, disciplina artística ou trabalho, em que cada agente cultural e pessoas que formam estas comunidades dão sentido a sua visão de ser social, responsabilizando-se por seu entorno e contribuindo para a sociedade com seus fazeres coletivos e particulares”.

Em paralelo às atividades da programação oficial, delegados e organizações chilenas que participaram do congresso se reuniram para conhecer o trabalho que realizam em seus territórios e definir objetivos em comum como comitiva chilena. Além disso, levantaram uma declaração com o fim de propor e construir uma rede transparente a respeito da representatividade e articulação de um movimento de Cultura Viva Comunitária no Chile.

“Nela apelamos pela transparência, confiança e diversidade de nossas práticas culturais, assim como também por uma representatividade efetiva, democrática e respeitosa”, comentou Rosa. “Esperamos que isso seja útil para a construção de uma rede nacional que sirva para uma real articulação de práticas culturais comunitárias que se desenvolvem no Chile e que reflita o sentir comum das organizações.”

Ao falar das articulações realizadas durante o congresso, ela citou algumas conquistas. Entre elas, os pontos em comum a que chegaram as 14 organizações culturais chilenas, “para desenhar e criar futuras açõe em conjunto, como Rede Nacional de Cultura Comunitária”; a integração de mais organizações culturais lideradas por mulheres para a rede de gestoras e produtoras culturais; a concretização de aliança de trabalho e colaboração com as organizações chilenas Danza Sur, Escuelita Artística Comunitaria de Lo Espejo, Plataforma Cultura Viva Comunitaria, Cultura Puyuhuapi e Colectivo La Chispa.

Rosa Angelini é uma das diretoras de “Gestoras en Red”

 Nicole Vásquez e o fortalecimento organizativo

Nicole Vásquez é psicóloga, membro da equipo base das oficinas de cinema comunitário “Aquí Nos Vemos”. Desenvolve desde 2012 espaços educativos informais para crianças, jovens e adultos em Santiago, e foi ao Equador com a missão de representar as oficinas no  3° Congresso Latino-americano de Cultura Viva Comunitária.

Nesses dias em que esteve em Quito, além de participar da articulação do movimento chileno de CVC e poder compartilhar com organizações e coletivos de seu país, como Danza Sur, Escuela Artística Comunitaria de Lo Espejo e a Rede de Produtoras e Gestoras Latino-americanas, teve a possibilidade de conhecer entidades latino-americanas, como “La Mancha, taller de arte para niños” (Peru), e Mindo Cultura (Equador).

“A participação no congresso nos permitiu dar a conhecer nosso trabalho, sobretudo a vinculação que realizamos entre cinema e saúde comunitária. Além disso, nos permitiu mostrar o trabalho das produtoras de cinema comunitário da Rede Aquí Nos Vemos”, ressaltou. “Por outro lado, acolhemos o aprendido sobre o movimento Cultura Viva Comunitária, uma vez que nos oferece uma nova forma de apresentar o fazer comunitario, muito mais democrática e com forte caráter político. O contato com outras organizações e as articulações realizadas vão potenciar nosso trabalho, à medida que existe uma forte intenção de colaboração mútua.”

Seu diário de viagem dedica-se ao círculo da palavra “Fortalecimento organizativo”, uma atividade em que não tinha intenção de participar (pensava incorporar-se à outra mesa de trabalho, sobre comunicação popular e meios comunitários), e que acabou assistindo para saber mais sobre Cultura Viva Comunitária. “Antes do congresso não conhecia o movimento CVC, só havia lido alguns textos, mas não compreendia o horizonte estratégico que busca alcançar. Neste círculo, pude me empapar da história, das discussões atuais e das projeções do movimento, entendendo a importância de ser parte e colaborar com este espaço”, comentou.

Nicole destacou especialmente o comentário feito por um companheiro boliviano. “Ele falava que o movimento de CVC é arrítmico, está em constante processo de transformação, avança, mas também retrocede. Segundo ele, a conjuntura política de cada país afeta o movimento”, observou. “Me parece muito importante acolher esse olhar: a construção do trabalho comunitário na América Latina necessariamente deve considerar a história e as conjunturas políticas. O movimento CVC aposta na transformação social, na criação de espaços culturais contra-hegemônicos que favoreçam o trabalho de base e a cultura nascida dos próprios territórios.”

Parte da delegação chilena na Casa de la Cultura Ecuatoriana, onde se realizou o congresso

Manuela Cepeda e a experiência que lhe deu “base e a carne” 

Para a atriz Manuela Cepeda, gestora do Centro Cultural y Artístico El Cahuín, a  experiência em Quito “deu base e carne” aos seus fazeres, foi uma “instância de profunda aprendizagem, de reconhecimento e intercâmbio de experiências com outras pessoas, de diversos países da América Latina”.

Além de participar de atividades como o círculo da palavra “Fortalecimento organizativo” e da plenária final, como as companheiras chilenas, Manuela esteve no percurso histórico teatral que se fez no final do congresso e pôde realizar uma série de articulações com redes de teatro de El Salvador, Bolívia e Peru, e com representantes de organizações da Argentina, El Salvador, Bolívia, Colômbia e Equador.

Em nível nacional, nas reuniões da comitiva chilena, ficou como encarregada de difundir e coordenar o movimento de Cultura Viva Comunitária na Região do Maule. Assim, terminado o congresso, no dia 2 de dezembro, durante o “Encontro da mesa regional de ICC-OCC” do Maule, Manuela pôde expor sobre a experiência de participação no congresso, falar sobre o movimento de CVC e sobre o programa IberCultura Viva.

“Com as organizações que se interessaram em conhecer mais sobre o tema, propusemos um convite para ir às suas comunidades e difundir o vivenciado e os aprendizados”, contou em seu informe de viagem. “Me parece que IberCultura Viva, com a instância de mobilidade, oferece uma grande possibilidade a pessoas como nós, que desenvolvemos um trabalho silencioso e permanente em nossas comunidades. Participar destes encontros e conhecer o movimento, além de outras experiências, relatos, especialistas, são um aprendizagem enorme que dão corpo e teoria aos nossos fazeres, o que muitas vezes é experimental e instintivo.”

Os atores chilenos Manuela Cepeda e Cristian Mayorga em Quito

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