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21

maio
2020

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GT de Governos Locais: algumas ações desenvolvidas nos territórios diante da emergência sanitária

Em 21, maio 2020 | Em Notícias |

O Grupo de Trabalho de Governos Locais do programa IberCultura Viva se reuniu por videoconferência no dia 7 de maio para discutir dois temas centrais: a proposta de criação da Comissão de Emergência COVID-19, sugerida por San Luís Potosí (México), e a elaboração do 4º Encontro de Redes IberCultura Viva, que se realizará de modo virtual no segundo semestre de 2020. Participaram da reunião 22 pessoas: 19 representantes de governos locais, dois da Unidade Técnica (Rosario Lucesole e Emiliano Fuentes Firmani), e o coordenador de Pontos de Cultura de Argentina e representante da presidência do programa, Diego Benhabib.

Um dos principais acordos deste encontro foi a formação da Comissão de Emergência desde a perspectiva da cooperação cultural, visando o intercâmbio de recursos técnicos e boas práticas que contribuam para enfrentar as repercussões da contingência de saúde pública. Para isso, se estabeleceu o compromisso de completar um formulário elaborado pelo governo de San Luis Potosí. Além disso, se decidiu pela criação de um banco de ferramentas para compartilhar conteúdos, módulos e capacitações para o uso de recursos digitais, destinados a organizações culturais comunitárias dos 25 governos locais integrantes do GT.

A respeito da construção do próximo Encontro de Redes IberCultura Viva, foram propostas temáticas que incluem o retorno ao território pós-pandemia, o aporte das políticas culturais ante a crise social e a conectividade como direito, entre outras. Os participantes da reunião também realizaram um breve diagnóstico das condições de cada um de seus territórios e compartilharam as ações que estão desenvolvendo para atender o setor cultural em geral, e comunitário em particular, ante a emergência provocada pela pandemia de COVID-19. 

A seguir, algumas ações desenvolvidas pelos governos locais integrantes do GT ante a emergência sanitária. 

 

Almirante Brown (Argentina) 

Em Almirante Brown se está utilizando o Fundo Municipal das Artes para apoiar artistas e espaços culturais. Segundo Damián Albarracín, diretor de Cidadania Cultural,  a municipalidade trabalha com dois registros – Registro Único de Artistas de Almirante Brown (RUAB) e Registro de Espaços Culturais (REC) – e tem acompanhado a inscrição de iniciativas locais nas convocatórias nacionais, como a do programa de Pontos de Cultura.

Eles também lançaram uma proposta digital, “Sem Sair de Casa”, onde são mostradas produções de artistas e artesãos locais pela página do Instituto Municipal de la Cultura,  e um programa, “Desafio Cultura”, em que vizinhos e vizinhas enviam suas atividades artísticas. “Também seguimos com as oficinas. Assim, nossos companheiros e companheiras oficineiros/as podem seguir recebendo neste momento de crise. Elas dão as oficinas em suas casas e publicamos na página”, completou o diretor, que também estuda a possibilidade de iniciar recitais no Teatro Municipal, para transmitir para a localidade, atendendo medidas sanitárias e com uma equipe mínima.

 

Arica (Chile)

Na cidade de Arica foi feito um cadastro para levantamento de artistas, e com ele um festival on-line chamado “Festival Arica Vive Cultura em Casa”. Estas ações são realizadas junto com o Ministério das Culturas, das Artes e do Patrimônio do Chile, através de uma linha de apoio econômico para artistas da cidade. “O que fizemos foi nos vincular com outras direções do município, como a de Desenvolvimento Comunitário, buscando dar apoio imediato aos artistas que estão mais vulneráveis.  (…) Todos os sábados fazemos apresentações de artistas locais por meio de nossas redes sociais. Esses artistas que se apresentaram até agora foram os que estavam mais precarizados, segundo o cadastro que realizamos”, destacou Víctor Rebolledo, diretor de Cultura de Arica.  

 

Canelones (Uruguai) 

Manuel Meléndez, diretor geral de Cultura da Intendência de Canelones, ressaltou a importância de políticas de Estado que nos últimos anos foram implementadas no país, não só em matéria de saúde, mas também em questões de conectividade, o que permitiu melhores condições para o desenvolvimento do teletrabalho e o diálogo com as famílias e comunidades neste contexto de adversidade. Também comentou que atualmente eles trabalham para unificar as ações da Direção de Cultura, através de propostas de artistas. A Unidade de Animação Cultural, por exemplo, trabalha a partir do jogo lúdico com propostas que buscam, por meio de redes sociais, página web, Whatsapp ou Telegram, criar outro tipo de vínculo entre as famílias e com a comunidade. 

Segundo Meléndez, eles também seguem com atividades pedagógicas para a comunidade que participava das oficinas, propondo estratégias para gerar trabalho para os artistas do departamento de Canelones mediante concursos. “São artistas emergentes em sua grande maioria, que se não trabalham não comem”, afirmou o diretor de Cultura, ressaltando o apoio com cestas de alimentos e uma convocatória para que artistas possam projetar seus vídeos nas redes sociais e receber por isso. Os prêmios para os ganhadores de cada categoria são contratações por parte da Intendência de Canelones para atividades que vão se realizar depois de terminadas as medidas sanitárias.

 

Córdoba (Argentina) 

Na cidade de Córdoba, a primeira ação foi cobrir a demanda de alimentos. Em seguida, a Subsecretaria de Cultura da Municipalidade de Córdoba colocou em ação o Plano de Compromisso Cultural, composto por medidas extraordinárias que contemplam alívio fiscal, prêmios e fundos de estímulo, programas, atividades e capacitações destinadas a distintos setores do campo cultural. “Há três programas basicamente, que constam da contratação antecipada de oficinas, produções cênicas e artes visuais, para poder gerar algum ingresso aos trabalhadores e trabalhadoras, aos artistas que hoje estão parados”, resumiu Marihem Soria, diretora de Cultura Viva da Municipalidade de Córdoba.

Outra etapa, iniciada em 18 de maio, é a abertura de Territórios, um programa similar a Cultura de Bairro e Pontos de Cultura que beneficia projetos de organizações culturais comunitárias. A Subsecretaria de Cultura também está trabalhando no desenvolvimento de duas instâncias de formação: uma para promotoras culturais territoriais, com perspectivas de gênero e o objetivo de repensar coletivamente estratégias e ferramentas para o reencontro em território pós-pandemia, e outra de formação para organizações de carnaval, buscando fortalecer as logísticas e propostas de celebração nos bairros. Ademais, continua-se trabalhando no Centro Cultural Comunitário La Piojera, de cogestão entre a municipalidade e organizações comunitárias, com plenários virtuais e produções digitais, que incluem entrevistas, espetáculos e uma campanha solidária.  

 

Ensenada (Argentina) 

Entre as ações desenvolvidas em Ensenada se encontram o apoio à apresentação de projetos locais a convocatórias nacionais; o apoio ao trabalho de comedores, merendeiros e espaços comunitários, com instâncias de educação a distância e cadernos para aqueles que não contam com acesso à internet; a transmissão de oficinas pela internet, e a difusão do trabalho feito por distintos artistas desde suas casas. 

“Por outro lado, vimos trabalhando em um conjunto de capacitações com a Universidade Nacional de la Plata, sobre manejo de redes, produção audiovisual e produção vinculada às novas tecnologias, buscando também aportar ferramentas aos e às artistas da cidade para poder adaptar-se a esta nova etapa”, comentou Esteban Bravo, diretor de Cultura do município.

 

Entre Rios (Argentina) 

Na província de Entre Ríos se lançou um observatório de atividades culturais e organizações culturais, com o fim de fazer um diagnóstico acerca da realidade que vem atravessando os coletivos, espaços e/ou agentes que habitam e trabalham no território provincial. “Muitos desses coletivos se encarregam não apenas do aspecto artístico e cultural, mas também oferecem possibilidades de alimento ou de outras questões necessárias para a comunidade”, observou Federico Prieto, diretor de Diversidade e Formação Cultural. 

Prieto também comentou o trabalho conjunto com o Ministério de Desenvolvimento Social da província, no programa Poder popular, com vistas a abrir uma convocatória para coletivos, e ol trabalho na difusão das convocatórias lançadas pelo Ministério de Cultura da Argentina para apoiar as/os trabalhadores da cultura nesta emergência sanitária. “Outra questão que ativamos é um conselho provincial de cultura, inicialmente integrado por todas as áreas de cultura municipal e juntas de governo da província, mas que também está sendo estendida a coletivos, organizações, espaços culturais, agentes e redes que trabalham na província”, comentou o diretor.

 

Lima (Peru) 

Na Municipalidade de Lima fez-se uma pesquisa de impacto e iniciou-se a implementação de uma área de pesquisa que permitirá gerar informação em matéria de cultura, de maneira articulada com o Ministério de Cultura do Peru. Também se lançou uma programação digital, “Cultura desde casa”, para a qual se fez uma primeira convocatória para artistas e criadores e se pretende continuar trabalhando com os diferentes atores do setor cultural.

Lima desenvolve um programa de cultura viva comunitária desde 2013, e conta com um registro das organizações que estão trabalhando nas comunidades, a maioria em situação informal. “Lima tem uma informalidade laboral de 70% de sua capacidade de trabalho, e isso tem gerado toda uma problemática social durante esses dias de quarentena. Temos tido reuniões com as organizações para ver com elas o caminho a seguir, sem desvirtuar a lógica do programa, e sim tratar de assumir os desafios e ver de que maneira o programa pode se fortalecer ou ampliar desde estas novas perspectivas”, comentou Fabiola Figueroa, gerente de Cultura da Municipalidade de Lima.

 

Marcos Juárez (Argentina)

Na Municipalidade de Marcos Juárez fez-se um mapeamento e um diagnóstico da comunidade, em que detectaram a desigualdade em torno do acesso às tecnologias e as dificuldades de trabalhar nesta época de confinamento. “Apresentamos um orçamento ao prefeito para realizar uns programas de TV que possam chegar a toda a comunidade, porque vimos uma brecha digital importante nestes tempos de conectividade forçada. (…) Nem todas as famílias contam com celulares ou PC nos territórios nos quais estamos trabalhando com as oficinas culturais de base comunitária”, contou Carola González, coordenadora de Cultura Comunitária da Direção de Ação Cultural e Esportiva de Marcos Juárez.

 

Medellín (Colombia)

Herman Montoya,  coordenador da Área de Biblioteca, Leitura e Patrimônio de Medellín,  comentou as três ações centrais que estão sendo realizadas no município: 1) um grande pacote de convocatórias para apoiar organizações culturais comunitárias, museus, artistas e outros atores do campo cultural; 2) a migração de conteúdos de biblioteca e da rede de Casas de Cultura para a modalidade virtual, com ênfase no trabalho com livrarias para a compra de exemplares; e 3) uma aliança internacional, com organizações e com cooperativas financeiras, para que apoiem as organizações sociais comunitárias, conseguindo empréstimos de recursos. “Também vamos fazer, com três cidades da Colômbia, com Barcelona e Havana, um exercício de formação virtual para bibliotecários, textos dos três países e sobretudo bibliotecários de caráter comunitário”, adiantou.

 

Niterói (Brasil)

Em Niterói, Alexandre Santini, diretor do Teatro Popular Oscar Niemeyer, contou que desde março está sendo realizado um conjunto de ações frente a crise sanitária. Algumas ações gerais da prefeitura incluem trabalhadores profissionais da cultura, empreendedores individuais, artesãos, trabalhadores da cultura tradicionais, como pescadores, e outros do setor, chegando a mais ou menos 50 ou 60 mil pessoas. Especificamente no setor da cultura, estão trabalhando com um programa chamado “Arte na Rede”, que, através de convocatória pública, selecionou 200 artistas para fazer entrevistas ou apresentações nas redes sociais de Cultura Niterói. Outro programa, “Boleto solidário”, consiste em uma pré-venda de propostas para espaços culturais.

“Começamos a juntar um grupo de trabalho para reflexionar sobre a perspectiva de abertura dos espaços culturais, pensar que tipo de ação se pode fazer”, comentou Santini, citando como exemplo a possibilidade de converter o pátio do Teatro Popular em um cine drive-in, com as pessoas dentro dos carros. “Além da ação local, está se juntando de novo uma potente rede de articulação em nível nacional com a Lei de Emergência Cultural, uma possibilidade de chegar a apoiar 20 mil espaços culturais de todo o país com fundos do orçamento nacional e também outras ações de convocatórias”.

 

Quilmes (Argentina) 

Na cidade de Quilmes, além do trabalho através de redes sociais, estão sendo realizadas ações culturais nos centros de isolamento sanitários, para que aquelas pessoas que caem doentes e têm que atravessar a quarentena isolados de suas famílias possam ter acesso a livros e projeções audiovisuais. Também se criou um programa chamado Quilmes Educa, que conta com conteúdos preparados por distintas direções da Secretaria de Educação, Culturas e Esportes, e estão por lançar Enlace, um programa que oferece assistência a projetos culturais locais, vinculados a editais nacionais.

O município também está iniciando uma primeira pesquisa para o setor cultural da localidade, em articulação com o Sistema de Informação Cultural Argentino (SInCA) e o Mestrado de Indústrias Culturais da Universidade Nacional de Quilmes. “Acreditamos que com isso vamos poder ter um panorama melhor da realidade das instituições e das organizações culturais”, comentou Ezequiel Varela, diretor geral de Políticas Socioculturais da Subsecretaria de Cultura de Quilmes.

 

Salta (Argentina)

Na cidade de Salta foram realizados censos para a comunidade artística, e implementada uma plataforma digital, “Cultura em seu Bairro”, para fazer uma ponte entre artesãos, artistas e trabalhadores com a comunidade. Eles também estão desenvolvendo a “Feira 90”, uma feira de arte baseada no sistema de troca; apoiando atividades em restaurantes comunitários; trabalhando em um projeto de cine drive-in, para cinema e recitais; transmitindo aulas de teatro e um pequeno ciclo chamado ‘Desde o terceiro’, onde cada artista vai mostrando sua atividade e como segue trabalhando desde casa, e oferece sua obra. Contam, ainda, com um ciclo de música a distância e concursos de literatura.

“Temos um observatório onde vamos vendo que necessidades têm os bairros, e trabalhamos com 14 oficinas, onde gravamos música, artes plásticas, literatura, e publicamos isso nas redes”, contou Gabriel Miremont, secretário de Cultura de Salta. “O que mais estamos investindo agora é em tecnologia, para poder publicar todo nosso trabalho. (…) Basicamente, o que fazemos é socorrer diretamente a comunidade artística no que ela necessita, em como comer hoje e vender, nesta situação de emergência; e para aqueles que tem um pouco mais de margem, ir contratando serviços de música, de teatro, de letras, comprando produtos”.  

 

San Luís Potosí (México) 

A Direção de Cultura de San Luís Potosí lançou em abril “Resiliências”, um plano de ação de emergência que consiste em uma série de medidas com as quais busca contribuir para a salvaguarda e proteção do setor, com um investimento aproximado de US$ 83 mil para apoiar 2.615 expressões culturais através de algumas convocatórias. “Não tivemos até o momento nenhuma restrição ou recorte orçamentário, o que nos colocou numa situação favorável para poder dar uma resposta imediata em matéria da cultura”, explicou Cecilia Padrón, diretora de Cultura do governo municipal. 

Em Resiliências está se trabalhando de uma maneira ativa em quatro componentes: 1) a Agenda Cultural Digital da Cidade (um canal de difusão alojado no portal cultura.sanluis.gob.mx, que se amplifica por redes sociais); 2) o “Kit de resistência cultural” (uma caixa com material didático que estimula o fomento à leitura, a criatividade do jogo e algumas atividades artísticas, e que se entrega a meninos e meninas que não contam com acesso à internet; 3) o Programa de Proteção e Fortalecimento às Culturas Vivas Comunitárias, que busca fomentar e proteger iniciativas de base comunitária com capacitação on-line e apoios econômicos;  4) a plataforma a distância UNESCO San Luis, um espaço para promover a reflexão coletiva e prosseguir com a construção da Carta da Cidade pelos Direitos Culturais (uma iniciativa que começou em dezembro com rodas de conversas e teve que ser suspenso devido à necessidade de isolamento social).

Zapopan (México) 

Luisa Velásquez, chefa do Departamento de Cultura Comunitária da Direção de Cultura de Zapopan, comentou que eles estavam prestes a lançar o programa de cultura comunitária do município, mas tiveram que suspender as ações, dadas as circunstâncias da pandemia, e direcionar os fundos para fins de atenção da saúde. “Todos os fundos hoje estão indo para o programa de saúde e de assistência social, então a partir da cultura estamos buscando formas de apoiar as organizações, uma vez que começamos com um diagnóstico e um pré-registro a partir de um encontro realizado em dezembro”, ressaltou Velásquez, que pouco depois recebeu a confirmação do lançamento do registro dos Pontos de Cultura.

A Direção de Cultura de Zapopan também está trabalhando em capacitações de organizações para a inscrição em editais nacionais e planejando uma roda de conversa sobre economia social e solidária, em uma capacitação com a Rede Mexicana de Economia Comunitária (REMECC). Além disso, eles estão fazendo uma pesquisa com avós e organizações comunitárias, para levantar questões de resistência histórica: alimentares, de guerra, da revolução, da independência, da guerra cristera, e de como vem se conservando o patrimônio imaterial.

 

 

⇒Confira a ata da reunião do GT de Governos Locais

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